OPINIÃO QUE CONTA: “Debates televisivos” (Paulo Freitas do Amaral)

03.2.2024 –

“Os 29 debates com os partidos do sistema e os que ficam de fora…
Ficámos a saber esta semana, a decisão antidemocrática das televisões, em atribuir 29 duelos entre os poucos partidos com representação parlamentar na anterior legislatura, e a atribuição somente de 1 único debate a todos os outros partidos sem representação parlamentar na anterior legislatura.
Esta distribuição além de ser injusta, é ilegal, por ter sido decidida com base numa representação parlamentar de partidos que na altura já não se verificava, devido à Assembleia da República ter sido dissolvida no dia 15 de janeiro de 2024.
Uma vez com a Assembleia da República dissolvida, esta decisão de distribuição de debates não se poderia ter feito com base na diferenciação entre partidos com representação parlamentar ou sem representação parlamentar. Esta decisão televisiva carece de qualquer valor jurídico, sendo a reclamação recente, feita pelo partido “Nova Direita”, totalmente legitima.
Além do mais, é incompreensível que num período eleitoral tão longo como este que o Presidente da República concedeu, em que os partidos do sistema já sabem desde dia 7 de outubro de 2023 que irá haver eleições, e em que irão totalizar quase 5 meses de campanha eleitoral, se dê mais 29 debates aos mesmos de sempre e apenas 1 debate aos outros partidos.
Podia-vos falar aqui também de todo o tempo que o CDS dispôs antes de assinar a coligação, sem qualquer representação parlamentar para nas televisões em período “prime time” expor as vantagens eleitorais de ir coligado com o PSD, ou os convites que este partido teve para telejornais ou programas de comentário político dos seus protagonistas, mas  não irei entrar por aí… nem referirei o facto de existirem televisões como a TVI que nem sequer noticiaram a criação de um novo partido no sistema eleitoral português como foi o caso do partido “Nova Direita” em plena campanha eleitoral…Imagine-se se isto seria possível há 50 anos atrás…
Os editores políticos e diretores televisivos, amigos de longa data dos partidos do sistema, atuam de forma parcial, prejudicando a nossa democracia e com a máxima arrogância, acham-se acima de um sistema, como se a velha máxima do “quarto poder” não existisse…
As televisões e os seus decisores, não estão acima dos cidadãos e da democracia…Ainda chegará o dia em que veremos o que está por trás da cortina da velha caixa colorida e auguro que não seja nada de bom, afinal quem ri por último, por vezes, até ri melhor…”
Paulo Freitas do Amaral