09.6.2023 –
O Zigurfest decorrerá entre os dias 27 e 29 de Julho, em Lamego.
O festival irá circular pelos locais: Teatro Ribeiro Conceição, Rua da Olaria, Museu de Lamego, Parque Biológico e Casa do Artista (no Bairro do Castelo).
Na sua 12ª edição, o Zigurfest quer voltar repensar a forma de colocar-se ao serviço de quem o fez sobreviver ao longo destes anos: o público e os artistas; dessa forma, antecipa-se no calendário e reconfigura-se como um pequeno laboratório de criação, pensamento, debate e práticas artísticas.
Durante 3 dias, o Zigurfest quer explorar aquilo que conhecem melhor: os territórios, as pessoas e as tradições que o rodeiam. É vontade da organização do Festival, estar em diálogo constante com as mais pertinentes criações artísticas feitas em Portugal, colocando o ZigurFest ao serviço da comunidade, aproximando ainda mais artistas e público e esbatendo a fronteira entre criador e criação, novidade e tradição.
António Matos Silva, director musical do Zigurfest, refere que “esta mudança – a primeira deste tipo em 12 anos de actividade ininterrupta – acontece perante uma situação particularmente desafiante para o panorama artístico nacional, em que muitas estruturas, como a nossa, estão a enfrentar cortes significativos na sua dotação financeira. Mas porque estamos aí há mais de uma década e queremos ficar pelo menos mais uma, reforçámos as parcerias de sempre e preparámos uma edição que assinala uma nova fase do festival.”
Como vem acontecendo desde a primeira edição, o ZigurFest tem o apoio do Município de Lamego e do Museu de Lamego e a entrada é gratuita, em todas as actividades.
DESTAQUES
O ecletismo musical de sempre aliado à multidisciplinaridade
Puçanga e Ana Silva são as artistas residentes deste ano e vão trabalhar com a população local para esbater e reorganizar fronteiras entre tradição e modernidade.
Amuleto Apotropaico, Máquina, Hetta e Gesso trazem electricidade pronta para ser descarregada em diferentes voltagens e velocidades.
Os modulares de Rita Silva preveem o abrir de todo um novo cosmos no centro da cidade, enquanto que a precisão lírica de Azia promete deixar-nos com a cabeça a andar à roda; já de Silvestre dizemos apenas que esperamos uma festa à medida da música que tem editado: colorida e memorável.
Para além da Música
As tardes do ZigurFest foram cuidadosamente desenhadas para que artistas e público existam em simbiose.
Bruno Senra, cozinheiro convidado do ZigurFest, irá dar um workshop de culinária regional tendo a sustentabilidade e o combate ao desperdício como mote.
Inês Castanheira vai trazer os seus objectos sonoros e synths DYI para uma tarde de exploração sonora com todos os participantes.
Num novo e entusiasmante capítulo rumo à inclusão, Bernardo Álvares irá estar a trabalhar com os utentes da associação de apoio às pessoas com deficiência Portas P’ra Vida.
João Taveira vai deixar a claro as ligações entre arquitectura e ruído numa palestra aberta ao público.
Numa ramificação ambiental e ecológica do festival, vamos fazer um passeio no Parque Biológico de Lamego guiados pelo beatmaker Cálculo, que juntamente com o público irá depois produzir um tema numa sessão única.
Atividades comunitárias
Bruno Senra | 27 de Julho, 14h30 | Penude
Inês Castanheira | 28 de Julho | Casa do Artista
Inês Castanheira é uma artista transdisciplinar e investigadora. O seu trabalho é um diálogo contínuo entre arte e tecnologia, explorando e combinando imagem, som, electrónica, programação e interactividade. Desenvolve projetos em múltiplos domínios e ambientes colaborativos, na forma de vídeo, instalações, objectos electrónicos, performances audiovisuais, concertos e workshops. Nos últimos anos tem investigado e experimentado estratégias DIY, hardware hacking e a reciclagem criativa de aparatos electrónicos obsoletos ou descartados e é precisamente essa prática que traz para uma oficina criativa no ZigurFest.
Bernardo Álvares e Portas P’rá Vida | 28 de Julho | TRC
No caminho rumo a uma maior inclusividade no festival e na cidade, damos os primeiros passos numa parceria que queremos duradoura e perene. Ao longo de uma semana, o músico Bernardo Álvares (que já passou pelo ZigurFest enquanto membro de Zarabatana e da banda de Luís Severo) vai estar a trabalhar com os utentes da associação Portas P’rá Vida expandindo o método desenvolvido por Alan Courtis, com quem trabalha desde 2016 numa parceria entre as associações barreirenses Out.Ra e Nós – Associação de Pais e Técnicos para a Integração do Deficiente. Este método consiste na experimentação sonora, utilizando técnicas de improvisação livre para a expressão artística através de instrumentos musicais, processamento e amplificação sonora. A apresentação desta residência está marcada para o dia 28 de Julho, no TRC. Intrigante e aliciante, a esperar o inesperado.
João Taveira | 28 de Julho, 18h30 | Casa do Artista
Nascido em Lamego e tornado arquitecto pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, com uma passagem pela Universidade Nacional Autónoma do México, Cidade do México. A sua formação profissional serve de ponto de partida para uma palestra-performance em torno da relação entre arquitectura e ruído – é que além da sua prática arquitectónica, desenvolve uma prática musical a solo e em colaboração próxima com diversos músicos e artistas, tendo actuado em vários espaços do Porto e de Lisboa. As suas composições sonoras transmitem sinergias densas, procurando uma experiência física e matérica do som e do espaço. São compostas por massas, texturas e drones cristalinos que, através da repetição, sobreposição, atração e fricção, criam formas próprias.
Cálculo | 29 de Julho, 14h30 | Parque Biológico e Casa do Artista
Hugo Martins é Cálculo, rapper e produtor natural de Barcelos que apesar de tratar o rap e o hip-hop por tu, tem aberto horizontes à dance music, funk, soul, entre outras. Este caldeirão de estilos e influências – a cozinhar em lume brando desde o início da década passada – levou-o a palcos tão distintos como o do MEO Sudoeste, Rock in Rio Lisboa, Sumol Summer Fest ou Milhões de Festa. Para além dos trabalhos em nome próprio, Cálculo é um produtor profícuo e é precisamente esta faceta que o traz ao festival. Ao longo de uma tarde, irá guiar o público numa visita guiada ao Parque Biológico de Lamego com vista à recolha sonora de vários elementos. Depois, já no resguardo da Casa do Artista, irá montar uma malha com a ajuda de todos os participantes.