OPINIÃO QUE CONTA: “Combater a poluição atmosférica com cortinas de algas” – Joana Lima

A poluição do ar é um enorme problema em muitas áreas urbanas mas dois arquitectos europeus desenvolveram uma cortina que transformará fachadas de edifícios em paredes vivas, que combaterão o ar poluído. Este projecto faz parte de uma iniciativa da União Europeia que tem como objectivo melhorar a qualidade do ar nas cidades do mundo e diminuir os efeitos do aquecimento global.

As cortinas de plástico possuem uma rede de tubos cheios de microalgas que, através da fotossíntese, removem o dióxido de carbono do ar e libertam oxigénio para o mesmo. O ar flui desde a base da cortina e, através dos tubos, vai “alimentando” as microalgas. “As microalgas têm propriedades excepcionais que têm vindo a ser descobertas por
biólogos que lhes permite metabolizar novamente alguns desperdícios que a nossa cidade gera”, refere Claudia Pasquero, uma arquitecta da empresa EcoLogicStudio, sediada em Londres, e uma das criadoras das cortinas de algas. “O que nós fizemos foi tentar compreender como é que podemos integrar as microalgas no ambiente urbano”. Pasquero e o seu colega no projecto, Marco Poletto, disseram que prevêem um mercado forte para as cortinas amigas do ambiente, principalmente para uso em armazéns ou outros edifícios grandes.

No entanto, nem toda a gente ficou convencida com esta inovação. O professor de química ambiental da Universidade Yale, Gaboury Benoit, refere que apesar de as cortinas serem eficazes na remoção de algum dióxido de carbono do ar, não fornecem sombra como as árvores.

E, ao contrário das cortinas que têm que ser renovadas a cada 2 ou 3 anos, as árvores renovam-se naturalmente. Porém, o arquitecto Poletto explica que as cortinas podem ser idealizadas para oferecer um pouco de sombra ao interior dos edifícios e ainda podem ser usadas em regiões onde o frio extremo limita o crescimento de árvores assim como áreas urbanas que não possuem espaço para plantá-las.

O que é certo é que os arquitectos exibiram um protótipo das cortinas na Irlanda, cobrindo o primeiro e segundo piso do Castelo de Dublin com mais de uma dúzia de cortinas. As cortinas conseguiram absorver cerca de 1 Kg de dióxido de carbono por dia, a mesma quantidade de dióxido de carbono absorvida por dia por 20 árvores grandes.

Os criadores referem que estas cortinas podem ser replicadas para qualquer edifício e agora estão a trabalhar em cortinas maiores para experimentá-las num museu na Áustria.

Joana Lima, CianMira