Michelin vai cortar até 2.300 postos de trabalho em França

O grupo Michelin, um dos líderes mundiais de produção de pneus, anunciou hoje que vai cortar até 2.300 postos de trabalho em França, sem saídas forçadas, como parte de um “plano de simplificação e competitividade”.

A fabricante de pneus pretende “melhorar a sua competitividade em até 5% ao ano” em atividades terciárias e na indústria, o que pode significar “em três anos uma redução de até 2.300 postos de trabalho”, entre os 21.000 que a Michelin tem em França.

O grupo já cortou quase 1.500 empregos desde 2017 como parte da sua reorganização, em particular na sua sede histórica em Clermont-Ferrand (centro de França) e nos Estados Unidos. Também fechou as fábricas de La Roche sur Yon (Vendée, França) e Bamberg (Alemanha).

Em 2024, “quase 60% das saídas previstas serão por reforma antecipada e o resto serão saídas voluntárias”, explicou a Michelin em comunicado.

De Clermont-Ferrand a Epinal via Troyes, esta nova reorganização diz respeito a “todos os centros franceses do grupo”, disse à AFP Florent Menegaux, presidente do grupo Clermont-Ferrand.

“A Michelin está empenhada em recriar tantos empregos quantos forem eliminados”, acrescentou.

O número de saídas em cada centro será especificado nos próximos meses.

A direção do grupo deseja abrir “rapidamente” negociações com os sindicatos em torno de um “acordo-quadro por um período de três anos”.

Nos últimos 10 anos, o grupo tem enfrentado “profundas mudanças estruturais no mercado mundial de pneus, marcadas em particular pela chegada massiva de produtos de baixo custo”.

Segundo o presidente do grupo, este deve “apoiar as mudanças estratégicas nas suas atividades para se preparar para o futuro”.

“É particularmente o caso de França, onde a vitalidade das suas posições exige um reforço significativo da sua competitividade”, sublinha.

“A Michelin não abandona a França” e “reinvestirá parte das poupanças conseguidas no desenvolvimento de novas atividades”, acrescentou Florent Menegaux.

As 15 unidades industriais em França especializaram-se gradualmente em pneus agrícolas, industriais e de competição de alta qualidade.

Ao mesmo tempo, a Michelin segue “a sua estratégia de localizar novas atividades de alto valor agregado em França”, como o hidrogénio, a impressão 3D e a reciclagem de resíduos plásticos.

Em 2030, a Michelin pretende que 30% da sua faturação seja gerado fora do setor dos pneus

Lusa