A chanceler alemã, Angela Merkel, criticou hoje a falta de regras comuns na União Europeia (UE) relativamente às viagens, dando como exemplo a situação de aumento dos contágios em Portugal, que a seu ver “poderia ter sido evitada”.
“O que lamento é que ainda não tenhamos sido capazes de alcançar um comportamento uniforme entre os Estados-membros em termos de restrições de viagem, isto é um retrocesso”, declarou a responsável, falando em conferência de imprensa em Berlim.
Nestas declarações à imprensa, feitas em conjunto com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a propósito da aprovação do Plano de Recuperação e Resiliência da Alemanha, a chanceler alemã exemplificou: “Temos agora uma situação em Portugal, que talvez pudesse ter sido evitada”.
“E é por isso que temos de trabalhar ainda mais” na área da coordenação, vincou Angela Merkel, aludindo nomeadamente à permissão dada por Portugal, que preside atualmente ao Conselho da UE, da entrada de turistas — como os britânicos.
Por seu lado, outros países como Alemanha e França impuseram restrições às viagens do Reino Unido devido à rápida propagação da variante Delta (detetada na Índia) do SARS-CoV-2.
“Fizemos progressos bastante bons nos últimos meses [no que toca à pandemia], mas ainda não estamos onde eu gostaria que a UE estivesse”, adiantou Angela Merkel.
Estas declarações foram feitas dias antes de os líderes europeus se reunirem numa cimeira europeia em Bruxelas e numa altura em que Portugal regista números diários de infeções que apenas comparam com os níveis de fevereiro.
Hoje mesmo, registaram-se seis mortes associadas à covid-19, 1.020 novos casos de infeções confirmadas pelo coronavírus SARS-CoV-2 e um novo aumento nos internamentos.
Para tentar inverter a situação, que afeta principalmente a região de Lisboa, o Governo decretou medidas como a proibição de circulação de e para essa área metropolitana.
Também presente na conferência de imprensa, Ursula von der Leyen admitiu ser “apenas uma questão de tempo” até a variante Delta se tornar a variante dominante no espaço comunitário.
E defendeu ser “importante continuar a vacinar o mais rapidamente possível”, dado esta ser uma mutação do vírus mais contagiosa.
Para 01 de julho próximo está prevista a entrada oficial em vigor do certificado digital covid da UE, comprovativo da testagem (negativa), recuperação ou vacinação contra a doença, que visa uma retoma da livre circulação durante o verão, mas prevendo a reintrodução de restrições caso a situação epidemiológica o justifique.
A gestão das medidas sanitárias aplicadas às viagens é feita por cada país, pelo que, mesmo com o certificado, os países podem solicitar mais testes ou impor quarentenas aos viajantes.
Lusa