Luís Filipe Vieira suspeito de receber milhões em 55 transferências de jogadores do SL Benfica

O antigo presidente do SL Benfica é suspeito de, juntamente com quatro empresários, ter montado um esquema para reter milhões de comissões indevidas. Suspeitas constam no relatório da Autoridade Tributária, no processo da operação Cartão Vermelho. Transferência de Weigl é um dos casos citados.

Luís Filipe Vieira, antigo presidente do Sport Lisboa e Benfica, é considerado suspeito de recebimento indevido de ‘luvas’ em 55 negócios de transferência do clube da Luz. Em causa estão compras e vendas de jogadores entre 2012 e 2020, uma série de negócios que geraram, no total, mais de 10 milhões de euros em comissões.

Segundo noticia a revista Sábado [acesso pago], que segue informação de um relatório da Autoridade Tributária (AT) no processo da operação Cartão Vermelho, estas comissões foram pagas a empresários – sobretudo a quatro: Bruno Macedo, Ulisses Santos, Isidoro Gímenez e Giuliano Bertolucci – que não tiveram intervenção nos negócios (contam-se entre as transferências citadas as de Raúl de Tomás, Talisca, Julian Weigl, Haris Seferovic, Axel Witsel ou Pedrinho).

De acordo com a CNN Portugal, que teve acesso ao mesmo relatório da AT, o inspetor tributário Paulo Silva e o procurador Rosário Teixeira consideram que os quatro agentes citados são pessoas próximas do ex-presidente do Benfica, envolvidas nos 55 negócios sob investigação, e encontram ainda como padrão o facto de recorrerem aos mesmos métodos de recebimento das comissões, em sociedades no estrangeiro.

A investigação considera que os agentes podem ter funcionado como peças chave num esquema que terminava em Vieira. Ou seja, o dinheiro circulava até, de forma encapotada, a grande fatia da comissão ficar com o antigo dirigente encarnado. A CNN cita, por exemplo, que foram encontrados negócios em que Macedo e Bertolucci acabam por, depois de concretizadas transferências, comprar imóveis em Portugal ao antigo presidente.

As suspeitas levaram mesmo a que fosse lançado um alerta ao Ministério Público, pela Autoridade Tributária, 23 dias depois da detenção de Vieira em que se lê que os documentos apreendidos a Macedo revelaram 55 contratos “com contornos suspeitos (…) por serem utilizadas estruturas societárias não residentes sujeitas a tributação mais favorável, para os quais importa apurar os verdadeiros beneficiários dos ganhos obtidos.”

Ainda segundo a CNN, a transferência de Seferovic terá gerado uma comissão de um milhão de euros, a de Cebolinha, 1,2 milhões, a de Morato 1,5 milhões e a venda de Lisandro López ao Boca Juniors, 1,4 milhões de euros.

Um dos exemplos flagrantes que sustentam as suspeitas dos inspetores está nas escutas que se referem à contratação do médio alemão Julien Weigl junto do Borussia Dortmund, negócio esse que terá gerado 2,5 milhões de euros em comissões. No relatório, os inspetores tributários explicam que nesta transferência a Benfica SAD não teve intermediário na compra do atleta, mas que Luís Filipe Vieira indicou Ulisses Santos como alegado beneficiário de uma comissão de intermediação em que não participou.

“Eu acho que nós devemos fazer o contrato com o Ulisses cá, que não tem nada a ver com o do outro gajo que representa ou não representa…nós aqui é que temos de fazer um contrato a dizer que é representante para nós aqui…”, ouve-se numa escuta.

No entanto, nas buscas realizadas pelas autoridades, não foram encontradas faturas deste negócio. Nada que impeça a investigação que vai continuar a seguir o esquema e a tentar decifrá-lo através do levantamento das contas bancária de todas as empresas com que a SAD do Benfica fez negócio, um pedido que já foi efetuado pelo Ministério Público.

Luís Filipe Vieira foi detido no dia sete de julho de 2021. No processo designado Cartão Vermelho, o antigo dirigente encarnado, que teve de prestar uma caução de três milhões de euros, está indiciado por abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documentos, branqueamento de capitais, fraude fiscal e abuso de informação, numa investigação que envolve negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros, com prejuízos para o Estado, SAD do Benfica e Novo Banco.

Madremedia