2023 é o ano mais quente de sempre, com temperatura global próxima do limite de 1,5°C

10.1.2024 –

Dados recolhidos pelos satélites europeus Copernicus mostram que o ano de 2023 foi 1,48ºC mais quente em todo o mundo do que o clima da era pré-industrial.

O relatório global anual do clima Copernicus é dramático, mas infelizmente previsível: as temperaturas globais atingiram níveis excecionalmente elevados em 2023. Pior: chegou a ser ultrapassado pontualmente o limite de 2ºC em relação à era pré-industrial e metade do ano foi 1,48°C mais quente.

2023 registou uma temperatura global média de 14,98°C, ou 0,17°C acima do recorde anual anterior de 2016”, mediu o observatório europeu cujos dados datam de 1850.

Serviço Copernicus para as Alterações Climáticas (C3S) monitorizou vários indicadores climáticos ao longo do ano e os dados revelam que foram batidos recordes: mês mais quente de sempre – julho de 2023 e médias diárias da temperatura global que chegaram a ultrapassar os níveis pré-industriais em mais de 2°C.

As elevadas temperaturas globais sem precedentes a partir de junho fizeram com que 2023 se tornasse o ano mais quente desde que há registos – ultrapassando por uma larga margem 2016, que era até agora o ano mais quente.

O relatório Global Climate Highlights de 2023 apresenta um resumo dos extremos climáticos mais relevantes de 2023 e dos principais impulsionadores, como as concentrações de gases com efeito de estufa, o fenómeno El Niño e outras variações naturais.

Pontos principais do relatório global anual do clima Copernicus:

  • 2023 é o ano mais quente alguma vez registado, com a temperatura global próxima do limite de 1,5°C, ultrapassando 2016, até agora o ano mais quente.
  • Em 2023, perto de 50% dos dias foram 1,5ºC mais quentes do que os níveis de 1850-1900 e dois dias em novembro foram, pela primeira vez, mais quentes 2ºC.
  • 2023 foi o segundo ano mais quente na Europa, 1,02°C acima da média de 1991-2020. As temperaturas na Europa estiveram acima da média durante 11 meses durante 2023 e setembro foi o setembro mais quente já registado.
  • A extensão do gelo marinho da Antártida registou mínimos sem precedentes em 2023. Tanto a extensão diária como a mensal atingiram mínimos históricos em fevereiro de 2023 e a extensão do gelo marinho esteve em níveis recordes baixos durante 8 meses do ano.
  • As concentrações atmosféricas de dióxido de carbono e metano continuaram a aumentar e atingiram níveis recordes em 2023, atingindo 419 ppm e 1.902 ppb, respetivamente.
  • As temperaturas médias globais da superfície do mar permaneceram persistente e anormalmente altas, atingindo níveis recordes de abril a dezembro.
  • As emissões globais dióxido de carbono dos incêndios florestais em 2023 aumentaram 30% em relação a 2022, impulsionadas em grande parte pelos incêndios florestais persistentes no Canadá.

Acordo de Paris

Tratado internacional adotado em 2015 na COP 21 pela quase totalidade dos países para reduzir emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE) para a atmosfera e impedir que as temperaturas mundiais subam além de 2ºC acima dos valores da época pré-industrial (1850-1900), e de preferência que não aumentem além de 1,5ºC.

Os dados anteriores a este último relatório do Copernicus revelavam que a temperatura global já tinha subido 1,1ºC acima dos valores de referência.

As consequências do aumento da temperatura no mundo

São já poucos os cantos do mundo que podem dizer que não sentem as consequências das alterações climáticas. Dos violentos fogos na Califórnia e na Austrália, ao degelo no Ártico e na Antártica, às inundações sem precedentes na Europa e na China, a verdade é inegável. O que acontece no planeta se as temperaturas aumentarem mais do que 1,5ºC, 2ºC ou 4ºC?

SIC Notícias