“Uma pequena visita ao Mosteiro dos Jerónimos” (Manuel Gabriel)

04.2.2023 –

“Um dos bonitos Monumentos, senão o mais bonito de Portugal, que faz parte do património Mundial, mandado construir pelo Rei D. Manuel I, que lhe chamaram o VENTUROSO, cujo cognome lhe foi atribuído pelos acontecimentos de grande relevo que se passaram no seu reinado.

Assim, este mesmo Rei, lhe deu o nome de Mosteiro de Nossa Senhora de Belém, já que foi mandado construir em sua honra para os nossos navegadores que partiram á descoberta de outros mundos, e que tiveram grande sucesso.

Demorando esta construção, de precioso estilo Manuelino, cerca de 100 anos, alcançando a sabedoria e a arte de alguns artistas sendo entre os principais o orientador Diogo da Baitaca, começando em 1501 e terminando em 1600.

Entramos então pela porta que dá para a linda Catedral onde encontramos de um lado uma Capela que servia outrora para orar à Nossa Senhora de Belém, do outro lado uma outra mas esta com uma pia de batismo.

Mais para dentro encontramos do lado direito o túmulo do grande Poeta, que foi Luís Vaz de Camões,  o autor de os Lusíadas, obra de grande relevo cultural, e do lado esquerdo o túmulo de outro grande homem, grande navegador, que foi Vasco da Gama, personagem esta que descobriu o caminho marítimo para as Índias, comandando uma frota de três navios que se chamavam São Gabriel, São Rafael, e Vérrio.

Caminhando para diante entramos na nave central que pela sua grande altura não há ressonância de qualquer eco. De lado, em cim,a tem uns vitrais mais modernos com cerca de 60 anos. Mais para dentro, encontramos uma construção Ítalo ou Grega Medieval que por este invento demorar tanto tempo na construção, alcançou como já dissemos vários artistas como Renascentistas Manuelinas e Medievais.

Ao centro desta construção está hoje o Altar-Mor que se encontra no meio, ao que se pode chamar uma Cruz, que é precisamente como é formada a Catedral.

Em volta estão vários altares, com imagens de Santos de diversas devoções daquela época, ornamentadas com folhas de louro bordadas a oiro, o que significava a riqueza daquele reinado.

Foi-lhe dado também o nome que ainda hoje consagra, Mosteiro dos Jerónimos porque era ali que os Monges viviam, onde no meio de todos eles houve um que se destacou pela sua fé e amor ao próximo, e que mais adiante o vamos encontrar, e que se chamava São Jerónimo.

Ainda na Catedral se encontra 12 portas que serviam para confissões que do outro lado viviam os tais já referidos Monges que não tinham contacto com qualquer sociedade.

Andamos mais para dentro e encontramos o Claustro que fica rodeado pelo Mosteiro, é quadrangular e não está coberto tendo à volta um grande alpendre que servia para sepultar os próprios monges.

Em um dos cantos encontramos uma entrada que dá para um grande refeitório e numa das paredes deparamo-nos com um bonito quadro do já citado Cardeal São Jerónimo com seu grande Leão ao pé, animal este que ele salvou de umas dores terríveis, tirando-lhe um espinho de uma das patas, ( e que daí em diante ficaria seu amigo) conta a lenda, e também se encontra a Bíblia Sagrada a qual São Jerónimo passou de Latim para Português. Nota; sempre que se encontra o bonito quadro de São Jerónimo, lá está o seu amigo Leão e a Bíblia Sagrada.

Dentro do Claustro está também o túmulo de Fernando Pessoa grande escritor e poeta Português.

Ainda mais para diante encontramos a sala do Capítulo, onde se davam as audiências dos monges, aqui também se encontram os restos mortais de Alexandre Herculano, outro dos nossos importantes poetas.

Aqui fazemos referência ao teto que foi restaurado em 1885.

Deixando para trás todas estas belezas de arte e de sabedoria entramos por um apertado corredor que nos leva ao Coro Alto, em frente para o Altar-Mor: era aqui que os monges oravam e cantavam durante sete vezes consecutivas todos os dias.

Nas paredes, aqui estão representadas as figuras dos doze Apóstolos, tem uma bonita candelária ao centro, e virada para todas as atenções do Coro está uma bonita imagem de Cristo Crucificado que mais nos parece real do que feita em madeira policromada datada há já bastantes anos (1551).

E aqui termina esta inesquecível visita. Despedimo-nos desta grande obra de arte que embeleza a bonita sala de Coro, que é a imagem de Jesus Cristo Crucificado: este era o Símbolo que os nossos Navegadores e Descobridores desenhavam nas suas velas para levar ao Mundo a nossa Fé.

E já cá fora olhando para toda a obra em si, apetece-me dizer em voz alta como é tão velho este monumento, e está sempre jovem embelezando a nossa Capital conservando a nossa cultura, e enriquecendo o nosso património Nacional

Texto de M. GABRIEL