O 3.º período letivo termina hoje para o 1.º e 2.º ciclos, encerrando mais um ano escolar atípico, em que o ensino à distância voltou a ser o “plano B” quando a pandemia obrigou alunos a ir para casa.
Para os mais de 500 mil alunos do 1.º ao 6.º ano, hoje é dia de se despedirem dos professores e dos colegas, e de mais um ano letivo que a pandemia de covid-19 tornou diferente, de que se despedem também as crianças do pré-escolar.
Estiveram entre os primeiros a regressar à escola no desconfinamento, em março e no início de abril, e são os últimos a despedirem-se dela, já que o último dia para os colegas mais velhos foi ainda em junho.
Assim, encerra agora o ano letivo 2020/21, marcado por percalços que se antecipavam, mas que nem por isso deixaram de ser desafiantes.
Em setembro, era claro que ainda não seria possível regressar à normalidade que professores, pais e alunos desejavam e, como todas as outras áreas, o ensino voltaria a estar sujeito aos avanços e recuos da pandemia.
O Ministério da Educação preparou-se para isso ainda antes de o novo ano letivo arrancar, prevendo a possibilidade de as escolas implementarem regimes alternativos ao presencial, caso alguns alunos tivessem de voltar para casa, situação que chegou a acontecer no 1.º período.
No entanto, o agravamento da situação epidemiológica em janeiro forçou o Governo a tomar a decisão que vinha a evitar de voltar a encerrar todas as escolas.
“Para proteção da comunidade escolar, é importante interromper as atividades. Essa interrupção tem custos”, afirmou o primeiro-ministro, António Costa, no dia em que anunciou, em 21 de janeiro, que os estabelecimentos de ensino iriam encerrar durante 15 dias para uma interrupção letiva forçada que seria compensada noutro período de férias e com mais dias de aulas no final do ano letivo.
Mas as escolas não voltariam a abrir até março, quando se iniciou um processo de desconfinamento de três fases que começou com o pré-escolar e 1.º ciclo e terminou em meados de abril com o secundário.
Durante quase dois meses, as crianças e jovens voltaram a trocar as salas de aula pelas suas casas e revisitaram o já não tão estranho ensino à distância.
O segundo confinamento “correu melhor”, segundo os diretores escolares, que lembram que havia já a experiência acumulada do ano anterior e muito mais equipamentos disponíveis, que foram sendo entregues pelo Governo, privilegiando os alunos mais carenciados, e também por iniciativa de algumas autarquias.
Quando aconteceu, a reabertura das escolas foi acompanhada pela realização de rastreios à covid-19, que confirmaram, pela reduzida taxa da incidência, que o perigo não estava dentro das escolas.
Esta segurança foi ainda mais reforçada pela vacinação dos docentes e não docentes do ensino obrigatório, que em março foram incluídos nos grupos prioritários.
Ainda assim, a pandemia continuou a afetar o ensino: algumas turmas voltaram a ir para casa e, em alguns casos, escolas inteiras foram encerradas, como aconteceu há duas semanas no Algarve, onde os alunos dizem hoje “até para o ano” virtualmente.
O prolongamento do ano letivo implicou também uma alteração no calendário dos exames nacionais do secundário. A primeira fase será entre 2 e 16 de julho (antes era em junho) e a segunda fase no início de setembro.
O Ministério da Educação decidiu cancelar as provas de aferição, nos 2.º, 5.º e 8.º anos, e as provas nacionais do 9.º ano, que estavam marcadas para este mês.
Sobre o próximo ano, pouco se sabe para já, mas a recuperação das aprendizagens perdidas nos dois últimos anos letivos vai ser uma prioridade e, para isso, o Governo criou um plano que conta com uma verba de 900 milhões para ser implementado nos dois próximos anos.
Lusa