Trump e Clinton esperam esmagar rivais na ‘Super Terça-feira’

Primárias em doze estados podem ser decisivas para decidir quem serão os candidatos dos partidos republicano e democrata à Casa Branca. 70% do eleitorado quer um duelo Trump-Clinton.

O dia de hoje pode ser decisivo para as presidenciais de Novembro nos Estados Unidos, ao serem realizadas eleições primárias em doze estados do país.

Conhecida popularmente como a ‘Super Terça-feira’, a concentração de tantas eleições num único dia é vista como um ponto extremamente importante na escolha do candidato presidencial dos partidos republicano e democrata. E em 2016, o voto poderá mesmo ser decisivo dentro do Partido Democrata, existindo a possibilidade real da antiga primeira dama, Hillary Clinton, afastar definitivamente o seu adversário Bernie Sanders, senador do Vermont.

Mas o centro das atenções é a luta que se passa dentro do Partido Republicano, onde o polémico magnata Donald Trump ameaça acabar o dia como o candidato favorito dos militantes do partido, o que pode criar uma guerra interna dentro dos republicanos.

“O Partido Republicano vai dividir-se ao meio se Trump for o nomeado”, alertou o senador da Flórida Marco Rubio, que disputa com o magnata a nomeação do partido. Segundo a mais recente sondagem da CNN/ORC, o multimilionário é de longe o favorito do eleitorado republicano, recolhendo a preferência de 49% dos militantes do partido. Marco Rubio surge na segunda posição, mas a uma grande distância, ao ser o favorito de apenas 16%. Em terceiro lugar com apenas 15% surge o senador do Texas Ted Cruz, que depois de ter começado as primárias com uma vitória inesperada sobre Trump no Iowa, tem vindo a cair fortemente nas sondagens e nos resultados eleitorais. A principal razão porque o magnata é visto como um candidato divisivo prende-se com o facto de Rubio, filho de pais cubanos e de etnia hispânica, ser o preferido da liderança republicana, enquanto Trump, que defende expulsão dos imigrantes ilegais mexicanos, é visto como impopular entre os hispânicos e os afro-americanos, grupos étnicos cujos votos são necessários para vencer as eleições presidenciais.

Mas Trump afasta estas críticas, apontando para o facto de, ao opor-se à imigração ilegal e defender também a suspensão da imigração vinda de países muçulmanos até que as autoridades sejam capazes de determinar se são ou não terroristas, estar apenas a tomar uma posição que deveria ser clara para qualquer pessoa normal.

“Muitos acusam-me de ‘não ser conservador’. Mas o que eu me chamo é de conservador com senso comum”, declarou Trump num comício no Tennessee. Embora o magnata chege às eleições de hoje como o grande favorito, com 81 delegados já eleitos, Marco Rubio – que obteve 17 delegados até agora – promete continuar na corrida, mesmo que fique em segundo lugar.” Após a Super Terça-feira, ainda restarão eleições em dois terços dos estados. Como são precisos 1.237 delegados para ganhar, vamos continuar a lutar enquanto elegermos alguns”, prometeu Todd Harris, conselheiro sénior de Rubio, citado pelo Politico.com.

Já do lado democrata, o dia de hoje é uma luta de vida ou morte para Bernie Sanders. Tendo elegido até agora 65 delegados contra os 90 de Hillary Clinton, o senador do Vermont enfrenta um cenário negro: depois de ter só vencido a antiga primeira dama nas primárias de New Hampshire, ele necessita de fortes vitórias em pelo menos cinco dos doze estados para poder manter viva a sua candidatura. Por isso, assumindo que vencerá no seu estado natal do Vermont, focou a sua campanha no Colorado, Minnesota, Massachusetts e Oklahoma, abandonando os restantes estados para Clinton, já que estes têm uma população afro-americana significativa, entre a qual ele não é popular.

“Havia dois modos de obter a nomeação. O mais rápido implicava vitórias no Iowa, Nevada e Carolina do Sul. Como isso não aconteceu, nós decidimos tomar a rota diferente e tentar vencer nos estados do Oeste do país”, explicou Tad Devine, estratega chefe da campanha de Sanders. Ainda assim, as perspectivas do candidato são fracas: as sondagens indicam que ele só tem a preferência de 38% dos militantes democratas, enquanto Hillary Clinton é a candidata preferida de 55%. Outro dos problemas de Sanders é que, numa altura em que são necessários 2.383 delegados para conseguir a nomeação, a antiga primeira dama, beneficiando das ligações políticas da família Clinton, e já conta com o apoio de 453 dos ‘super-delegados’ que são nomeados pelo partido sem qualquer eleição, enquanto que o senador do Vermont só tem garantidos 20 destes delegados especiais.

Fonte: Lusa