TAP tentou impedir que aeroporto do Porto crescesse

O presidente da Câmara do Porto afirmou na segunda-feira à noite que “a “TAP tentou fazer com que o Aeroporto Francisco Sá Carneiro não crescesse” e acrescentou que o Norte tem sido vítima de uma “política colonial”.

Rui Moreira falava na Assembleia Municipal durante o debate sobre “a situação decorrente da atividade da TAP no Aeroporto do Porto”, que culminou com a aprovação, por maioria, de uma moção contra decisões da TAP e da ANA consideradas lesivas para o aeroporto da cidade e o Norte.

O autarca atacou mais uma vez a TAP, referindo que a cidade e a região não querem e não podem pagar a fatura de uma empresa que não serve os seus interesses.

“Ao contrário do que dizem algumas pessoas, não sou autonomista ou independentista. É o contrário, sou português”, afirmou.

Sustentou que “o interesse público tem a ver com coesão social, que não existe sem coesão territorial”.

“Não estamos a pedir nada a que não tenhamos direito. Não podemos é dizer que a TAP é um objeto voador não identificado e por isso vamos deixar que as coisas fiquem assim. Vamos reclamar que ela seja nacionalizada e enquanto ela não for nacionalizada vamos deixar que nos façam todas as maldades? Não me conformo”, disse.

Rui Moreira sustenta que se a TAP for uma empresa privada deve perder os direitos que tem como companhia de bandeira. “Fique privada, faça a sua vida e nós faremos a nossa”, completou.

“Enquanto empresa pública, nos últimos anos, a TAP foi um instrumento que tentou fazer com que o aeroporto Francisco Sá Carneiro não crescesse e o Norte não existisse”, acusou.

Para o autarca, o objetivo é construir um novo aeroporto de Lisboa, fazendo “esgotar rapidamente” o da Portela e esvaziando o do Porto.

“Temos [o Norte] uma taxa de cobertura na balança comercial de 40%. Essa é que a questão. E estou farto de ouvir o velho discurso em que nos dizem que bom é o Norte. É as exportações, as empresas, é lá que está tudo. Depois, desligam-se as televisões e ficam-se a rir de nós”, prosseguiu.

Rui Moreira disse que a região, apesar da sua força económica, continua a ter um “muito menor rendimento per capita e níveis de desenvolvimento muito baixos” e os seus habitantes são “os mais mal pagos e níveis de desenvolvimento muito baixos”.

“Isso obedece a uma estratégia. Em termos económicos, chama-se política colonial. Não tem outro nome”, considerou, negando ser bairrista: “Estamos a zelar pelos interesses nacionais. Não podemos continuar a ouvir discursos vazios dizendo que é preciso industrializar o país”.

O líder da bancada socialista, Gustavo Pimenta, entendeu que Rui Moreira também visou o atual Governo com as suas críticas e por isso vincou que “são pelo PS totalmente rejeitadas”.

“A minha preocupação não é se este Governo trata o norte de uma forma equilibrada. Não é isso, nem foi isso que eu disse. O que vemos é que o Governo que se segue é mais centralista do que o anterior. Este Governo ainda está à prova e espero que não o seja”, contrapôs Rui Moreira.

O autarca concluiu dizendo que o Porto e o Norte têm sido tratados por uma “amálgama estranha de interesses”.