04.6.29023 –
O sociólogo Boaventura de Sousa Santos faz hoje “uma reflexão autocrítica” do seu comportamento, na sequência das acusações de assédio sexual, assumindo o compromisso de ser cada vez mais vigilante, no sentido de evitar “mal-estar ou opressão”.
Num artigo de opinião publicado no ‘site’ do Expresso, com o título, “Uma reflexão autocrítica: um compromisso para o futuro”, o sociólogo escreve que nasceu em 1940, sendo de “uma geração em que comportamentos inapropriados, se não mesmo machistas, quer se trate da convivência ou da linguagem, eram aceites pela sociedade”.
“Não é sempre fácil perceber conscientemente que se está a ter comportamentos que antigamente não eram vistos como inapropriados. Não se trata de justificar comportamentos passados, apenas de verificar algo que pode acontecer e redundar em ações pouco construtivas. Reconheço que em determinados momentos posso ter sido protagonista de alguns desses comportamentos. Nessa medida, lamento que algumas pessoas possam ter sofrido ou sentido desconforto e por isso lhes devo uma retratação”, assumiu.
Três investigadoras que passaram pelo Centro de Estudos Sociais (CES) denunciaram situações de assédio e violência sexual num capítulo do livro intitulado “Má conduta sexual na Academia – Para uma Ética de Cuidado na Universidade”, publicado pela editora internacional Routledge.
“Este meu reconhecimento de modo algum implica que eu assuma a prática de atos graves que me têm vindo a ser imputados e não deixarei nunca de defender a dignidade e a integridade que fui construindo ao longo de mais de 50 anos de esforço e dedicação”, sublinha Boaventura Santos.
Neste contexto, acrescenta que não poderá “senão continuar a dedicar todos os esforços, para aprofundar a promoção de uma cultura institucional e interpessoal de prevenção, deteção, condenação e eliminação de comportamentos machistas nas suas mais diversas manifestações”.