Uma bancária de 30 anos, natural de Portalegre. Um chefe de segurança num centro comercial, portuense, 39 anos. Uma bombeira voluntária de 28 anos, de S. Brás de Alportel. Uma assistente operacional municipal, de 35 anos, da Figueira da Foz. Um bolseiro do Instituto Tecnológico e Nuclear, de 28 anos, da Ericeira. Um jogador de rugby de 18 anos, do Monte da Caparica. Uma atriz de 43 anos, do Porto. Estudantes de Direito, de Bioquímica, de Animação Social. Do que quiserem e trabalharem para ser ou estudar. Cada um, uma pessoa, uma história, um percurso, singular. No plural, raízes comuns: são ciganos.
Combater o preconceito e os estereótipos e mostrar, com testemunhos e rostos reais, que a comunidade cigana é heterogénea e, tal como em Fernando Pessoa, em cada um dos seus elementos cabem «todos os sonhos do mundo», é o objetivo da Exposição Fotográfica Singular do Plural, da autoria de Sérgio Aires e Maria José Vicente, patente na Sala Multiusos do Edifício Paço de Tavarede.
Para além das imagens que retratam dez homens e dez mulheres de etnia cigana, portugueses, que escolheram percursos académicos e profissionais distantes da tradicional venda ambulante, a exposição dá a conhecer um pouco das suas vidas e opiniões. Como enfrentaram situações de discriminação? O que sentiram quando lhes vedaram acesso à habitação no mercado de arrendamento normal ou lhes recusaram emprego por serem ciganos? Como valorizaram as ocasiões em que, pelo contrário, foram acolhidos em universidades ou trabalhos sem pré-conceitos, com cordialidade e confiança? O que queriam que mudasse, na comunidade maioritária e nas comunidades ciganas?
Acompanhada de um catálogo com as imagens e os textos, a exposição apresenta-se como uma oportunidade para ‘ouvir’ quem pouca voz tem na sociedade portuguesa, a começar pela comunicação social, e para refletir – tudo com o objetivo de promover a igualdade.
A inauguração desta mostra, que integra a Semana da Igualdade’2018, promovida pelo Município da Figueira da Foz através da Divisão de Educação e Assuntos Sociais da Autarquia, contou com a presença de Maria José Vicente, pela entidade promotora deste projeto, a EAPN Portugal/ Rede Europeia Anti-Pobreza, e ainda dos figueirenses Bruno Gonçalves, dirigente associativo, formador e Delegado Nacional do Programa Romed2, e de Tânia Oliveira, uma das ciganas, figueirense, retratada no livro, estudante do ensino superior e presidente da direcção da Associação de Mulheres Ciganas: Ribaltambição.
Sobre a Semana da Igualdade
O Município da Figueira da Foz instituiu o dia 24 de Outubro como o Dia Municipal para a Igualdade, assumindo o seu compromisso no combate aos estereótipos de género e na implementação de uma verdadeira política de igualdade.
Neste âmbito, a Divisão de Educação e Assuntos Sociais da Autarquia estruturou um conjunto de atividades que este ano se desenvolvem sob o mote nacional “Igualdade é Desenvolvimento”, a ser desenvolvidas entre os dias 22 e 28 de Outubro, assinalando-se desta forma a Semana da Igualdade’2018. Esta iniciativa visa mobilizar os vários agentes locais e consciencializar a população em geral para a igualdade, cidadania e não discriminação.
As atividades integram a Agenda Nacional da ANIMAR – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local, procurando assim dar visibilidade ao trabalho desenvolvido no Município da Figueira da Foz, que tem em curso a implementação de um Plano Municipal para a Igualdade, o qual mereceu o reconhecimento da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, que atribuiu ao Concelho duas menções honrosas no âmbito das edições de 2016 e 2018 do Prémio “Viver em Igualdade”, que visa distinguir os municípios que implementam políticas que visem mitigar as desigualdades ainda verificadas na nossa sociedade e que, por isso, muito honra a Figueira da Foz.