Seu Jorge denuncia racismo: “Não reconheci a cidade que aprendi a amar”

20.10.2022 –

A polícia brasileira está a investigar o caso.

O cantor brasileiro Seu Jorge foi alvo de comentários racistas no final de um espetáculo na cidade de Porto Alegre, Brasil. Depois das imagens terem sido divulgadas nas redes sociais, o artista partilhou um vídeo na sua conta de Instagram a explicar o que se passou e a reiterar o apoio pela luta contra o racismo no país.

Seu Jorge explica que foi contratado para atuar no Grémio Náutico Clube. “Era um jantar de gala com pessoas muito bem vestidas”, reservado apenas aos sócios do clube e onde apenas os funcionários eram negros, conta o artista.

Ouvi dizer que estavam proibidos de olhar para mim ou falar comigo quando eu chegasse ao local do espetáculo”, acrescenta o músico, sublinhando que, no final do concerto, falou, abraçou e tirou fotos “com todos”.

Os comentários hostis e apupos aconteceram precisamente no final do concerto, quando o artista deixou o palco antes do “famoso bis”. “Quando cheguei atrás do palco começo a escutar muitas vaias e xingamentos”, prossegue, acrescentando que regressou “sozinho” ao palco para agradecer ao público e se despedir.

Na verdade, o que quero dizer aqui é que não reconheci a cidade que aprendi a amar e respeitar. O que presenciei foi muito ódio gratuito e muita grosseria racista”, afirma Seu Jorge, manifestando “um enorme respeito” por toda a população de Rio Grande do Sul, o estado onde se situa a região metropolitana de Porto Alegre.

E deixou ainda uma mensagem para a comunidade afro-brasileira: “Ao povo negro de toda a região sul, quero dizer que vos amo, admiro e respeito. E que estamos mais unidos do que nunca e vamos vencer essa guerra que segrega o nosso povo à miséria e falta de oportunidade no Brasil”.

A polícia brasileira está a investigar os alegados ataques racistas. A delegada Andrea Matos avança ao Globo que as autoridades estão à procura de “testemunhas para poder identificar as pessoas que fizeram as agressões” ao cantor.

O presidente do clube, Paulo José Kolberg Bing, avança, numa nota citada pelo mesmo jornal, que o Grémio Náutico União está a auxiliar as autoridades “com todas as informações necessárias para identificar os responsáveis”. O clube já entregou os vídeos do evento à Polícia Civil.

O União reforça que considera a prática de racismo totalmente inaceitável. Com a identificação do responsável pelo ato e sendo associado, será punido de acordo com o Estatuto, podendo, inclusive, ser expulso do quadro de associados”, disse ainda o presidente.

SIC Notícias