SANEAMENTO
As obras de saneamento são complexas e onerosas e, para compreender a situação atual do concelho de Mira, é necessário recordar alguns factos.
Há perto de 40 anos abriu-se a EN 109 (de Portomar ao Cential) para meter o saneamento, mas tudo correu mal e durante cerca de 3 anos a estrada esteve interrompida, com enormes crateras, tendo mesmo aqui parado uma volta a Portugal em bicicleta. Se recordarmos que naquele tempo a 109 era uma das poucas vias principais, podemos compreender o que aquele facto correspondeu. Nessa altura o saneamento era praticamente inexistente.
Mais tarde as Autarquias do Distrito de Aveiro lançaram, através do AMRIA, um projeto integrado, com o destino final dos efluentes daqueles concelhos para o alto mar. Mira estava fora deste projeto, tinha saído da AMRIA em 1990 e, na prática, aquele sistema integrado de saneamento e de efluentes terminava no limite sul do Concelho de Vagos. Diga-se em abono da verdade que Mira não estava neste projeto, nem em nenhum…
Foi feito um enorme esforço, a partir de 1994 e o nosso Concelho voltou à AMRIA e conseguimos integrar-nos no projeto integrado em alta. Nesse momento o mais complicado (e que constituía uma grave lacuna), era o saneamento em alta, ou seja, o nosso Concelho não tinha acautelado o destino final dos efluentes. Sendo péssimo para as nossas localidades a falta de saneamento, mais grave era não saber para onde seriam encaminhados os detritos.
Numa época em que muitos dos concelhos portugueses estavam a fazer um forte investimento nesta área, Mira ainda tinha de andar a desbloquear imbróglios criados pelo passado. Foram os responsáveis autárquicos do PS, que conseguiram criar toda a base de trabalho para que no concelho de Mira fosse iniciado realmente este investimento estruturante. O saneamento era reduzido e mesmo o existente funcionava em condições precárias. Foi preciso um investimento enorme para as nossas terras fruírem da dignidade necessária nesta área e para atualmente ser possível (ambicionar) elevar o concelho a outro patamar.
O Concelho acautelava o saneamento em alta e procedia-se a projetos e obras de saneamento em baixa, mas o nosso atraso estrutural era enorme. Para sabermos do que estamos a falar, para dotar o Concelho de saneamento não chegavam os milhões de orçamentos anuais da Câmara. Contudo, nos últimos anos foram feitos dezenas de quilómetros de saneamento, num investimento de muitos milhões de euros, passando o Concelho duma taxa residual de saneamento para uma taxa de cerca de metade da totalidade. Foi um salto significativo, no entanto o Concelho continua parcialmente com esta lacuna estrutural. Foi também durante as vigências do PS que os problemas de saneamento que Cantanhede criava às nossas valas, lagoa, barrinha e Canal de Mira, foram corrigidos, dando um contributo elevadíssimo na preservação do nosso ambiente.
O atual executivo camarário herdou do anterior vários projetos (ex. Praia de Mira, Casal, etc.), algumas obras de saneamento em andamento (ainda em execução) e alguns financiamentos, com vista a continuar a melhorar esta área importantíssima. Esperamos que continuem esta difícil tarefa com os projetos que herdaram, mas desejamos que criem também alguns, pois a soma das partes é que dará o todo.
Sabemos que são obras muito caras, que perturbam as populações, mas são necessárias e prioritárias. São obras fundamentais e não deviam ser partidarizadas como tem acontecido. O Partido Socialista enquanto liderou a gestão da autarquia colocou esta temática nas suas prioridades, na oposição continuará com igual posição e espera que as restantes forças políticas façam o mesmo. As nossas terras, o nosso ambiente, florestas e sistema hídrico, no geral, merecem esse cuidado. Além de serem intervenções importantes, temos a Bandeira Azul, símbolo de qualidade, isso é uma marca única e que evidencia essa obrigação…
Partido Socialista