A Rússia deportou à força centenas de famílias ucranianas das áreas ocupadas de Mariupol, Melitopol ou Kherson e relocalizou-os a milhares de quilómetros de distância da fronteira, na região da Sibéria, avança o ‘El Mundo’.
Segundo a mesma publicação, que cita autoridades ucranianas, 308 residentes de Mariupol foram levados diretamente para território russo e depois reinstalado em Vladivostok, no Extremo Oriente russo, a nove mil quilómetros da Ucrânia e a sete fusos horários de distância.
Assim que deixaram o território ucraniano, estes civis foram levados para um “campo de filtragem” onde membros do serviço secreto russo, ou FSB, verificaram os telemóveis, interrogaram-nos durante várias horas, recolheram impressões digitais e procuraram tatuagens que pudessem revelar o seu passado militar, adianta o jornal, sublinhando que a grande maioria são mulheres, crianças e idosos.
Mas este não é caso único. Outros 300 residentes da cidade portuária do Mar de Azov foram levados dias depois para Nakhodka, um porto da Sibéria a 10 mil quilómetros de casa e em território hostil.
De acordo com o Google Maps, a viagem de carro demora cinco dias e 10 horas. Naturalmente, estes ucranianos também não estão autorizados a deslocar-se por parte autoridades russas, “o que constitui um crime de rapto”, escreve o ‘El Mundo’.
A Ucrânia alega também que os 500 mil cidadãos ucranianos que fugiram através das fronteiras norte e leste para a Rússia
não o fizeram por sua livre vontade, mas foram obrigados a fazê-lo pelo exército russo. Destes, 120 mil são crianças que, em alguns casos, são estão a ser adotadas ilegalmente por famílias russas.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de dois mil civis, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A guerra causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, das quais mais de 5,16 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU – a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Simone Silva / Multinews