Os regantes europeus, representados pela Irrigants d’Europe, apresentaram à Presidência Portuguesa da União Europeia as áreas de atuação prioritárias para um regadio sustentável, vital para assegurar a soberania alimentar e atingir a neutralidade carbónica da UE.
Numa reunião com a titular da pasta da Agricultura no Governo de Portugal e presidente do AgriFish- Conselho de Agricultura e Pescas da UE, Maria do Céu Antunes, os Irrigants d’Europe indicaram 4 pilares de atuação prioritários para o futuro do regadio na UE: Modernização de infraestruturas; Agricultura 4.0; Ecoesquemas; Mitigação das alterações climáticas e reutilização.
Entre as medidas apresentadas destacam-se: o uso de energias renováveis nos sistemas de regadio; a implementação da rega de precisão e tecnologias digitais para aumentar a produtividade da terra e melhorar a qualidade da água; o apoio a práticas sustentáveis na governança da água; a melhoria dos serviços de ecossistema fornecidos por infraestruturas de hidráulica agrícola; o aumento da capacidade de armazenamento de água e de regularização interanual nas bacias hidrográficas e o incentivo à reutilização de águas residuais tratadas na agricultura.
As áreas de regadio e de armazenamento de água são um motor de desenvolvimento económico e social dos territórios da UE e são indutoras de biodiversidade, ao contribuírem para um mosaico de usos diferenciados e complementares da água.
Os regantes europeus consideram que a Presidência Portuguesa do Conselho Europeu, durante a qual serão decididos importantes envelopes financeiros como o do Plano de Recuperação e Resiliência e da Política Agrícola Comum, é uma oportunidade única para afirmar a importância do regadio na produção sustentável de alimentos na Europa e no cumprimento das metas do Pacto Ecológico Europeu.
«Os regantes europeus estão totalmente empenhados em ajudar a atingir os objetivos apresentados pela Presidência Portuguesa do Conselho da UE para a Agricultura – desenvolvimento rural, segurança alimentar e inovação – e consideram que um regadio moderno e sustentável e um armazenamento de água resiliente contribuem para alcançar tais metas», afirmou José Núncio, presidente da Irrigants d’Europe e presidente da FENAREG- Federação Nacional de Regantes de Portugal. «A dinamização do regadio, com base em infraestruturas eficientes e em práticas que promovam os serviços de ecossistemas, responde aos desafios de uma Europa resiliente, digital e líder na ação climática», concluiu
Por seu turno, a presidente do AgriFish- Conselho de Agricultura e Pescas da UE, afirmou que «o regadio é absolutamente determinante» para cumprir as metas da Presidência Portuguesa da UE na área da Agricultura, e garantiu que a regulamentação da futura PAC, em discussão, «prevê a continuidade dos apoios ao regadio público coletivo e ao regadio eficiente (ao nível do agricultor), com financiamento a 100% nas estruturas coletivas, para podermos aumentar a ambição em termos da eficiência do uso dos recursos no contexto de um modelo mais focado no desempenho do que na conformidade das políticas».
No contexto das alterações climáticas, o regadio já não é apenas vital para os agricultores dos países do Sul da Europa. Os anos de seca consecutiva, entre 2018 e 2020, geraram avultadas perdas nas colheitas agrícolas dos países da Escandinávia, Dinamarca e Alemanha. «Os países do Norte da Europa já não precisam apenas de drenagem, mas também de rega para garantir a água necessária à produção das suas culturas agrícolas e à manutenção da biodiversidade no solo. Devido aos efeitos das alterações climáticas, estamos perante uma perspetiva nova e diferente da gestão da água na UE, que deve ser considerada e apoiada no âmbito da futura PAC», alertou Adriano Battilani, secretário-geral da Irrigants d’Europe e responsável da associação de regantes ANBI-Associazione Nazionale Consorzi di Gestione e Tutela del Territorio e Acque Irrigue de Itália.
Os regantes europeus apresentarão também as suas prioridades para o regadio ao Parlamento Europeu, à Comissão Europeia, a organizações europeias de agricultores e da indústria da água, como a COPA/COGECA, a EIA e a EUWMA, bem como aos respetivos Ministros da Agricultura e Parlamentos nacionais.