Rayan, o menino de cinco anos que estava preso num poço desde terça-feira, em Marrocos, não sobreviveu aos ferimentos resultantes da queda. A criança foi finalmente resgatada esta noite e logo encaminhada para uma ambulância no local, mas, apesar dos esforços da equipa de salvamento, foi tarde de mais.
Depois de quatro dias de tentativa de resgate, hoje, por volta das 20:30 (hora de Lisboa), a criança de cinco anos foi retirada do furo e transportada até uma ambulância, que aguardava no local.
Segundo o correspondente do El País em Marrocos, perante os gritos de “Alá é Grande” da população que se concentrava no local, a ideia que passava era de que Rayan tinha sido socorrido com vida. No entanto, de acordo com o The New York Times, não foi possível avaliar pelas imagens transmitidas qual era o estado de saúde do menino.
Mais tarde, os meios de comunicação marroquinos confirmaram os piores temores, começando a adiantar que Rayan afinal não resistiu aos ferimentos resultantes da queda. A estação pública 2M adiantou que Mohammed VI, o Rei de Marrocos, já prestou condolências à família “após o trágico acidente que ceifou a vida” da criança.
O rapaz, cuja situação atraiu o interesse nacional e internacional, caiu acidentalmente na terça-feira num poço seco, de 32 metros de profundidade e estreito e, portanto, de difícil acesso, cavado perto da residência da família na vila de Ighrane, perto da localidade de Bab Berred, na província de Chefchaouen.
A mãe da criança disse à imprensa local que o filho “estava a brincar perto” da casa e que “desapareceu [na terça-feira] por volta das 14:00”, mobilizando a família “para o procurar” até que repararam que ele tinha caído no poço.
O resgate pôs assim fim a quatro dias de operações e onde nunca foi certa a possibilidade de um desenlace positivo. Para salvar Rayan, uma equipa multidisciplinar cavou primeiro verticalmente junto ao poço um buraco até cerca de 32 metros de profundidade e esteve a cavar horizontalmente até ao local onde o menino se encontrava, instalando um tubo para estabilizar o canal recém-construído.
Se numa primeira fase, a escavação foi efetuada através de bulldozers e outra maquinaria pesada, quando os socorristas começaram a aproximar-se de Rayan, tiveram de recorrer a escavações à mão para não provocar potenciais derrocadas.
Pelas 14:00 de hoje, a equipa já tinha encontrado a criança depois de percorrer o túnel e estava a tentar estabilizá-la numa maca para transportá-la à superfície, mas o risco de derrocada atrasou o processo. Esta fase de resgate foi particularmente delicada devido ao risco de deslizamentos de terra por causa da natureza do solo, com algumas camadas arenosas e outras rochosas — por exemplo, esta manhã o resgate teve um atraso de cerca de três horas devido a uma rocha que dificultou a perfuração do túnel, adiantou a agência espanhola Efe.
Enquanto as escavações decorriam, um helicóptero da Royal Gendarmerie foi enviado para o local para transportar a criança depois de a retirarem do poço, bem como uma ambulância equipada com equipamento de reanimação. Ao longo destes dias, os socorristas transportaram oxigénio e água para o fundo do poço para socorrer Rayan.
Milhares de pessoas viajaram até ao local, alguns de longe, em sinal de solidariedade e estiveram acampadas naquela zona, apesar do frio naquela região, noticiou a agência France Presse (AFP).
A tragédia tem gerado muita solidariedade nas redes sociais: esta manhã as transmissões ao vivo de vários meios de comunicação marroquinos continuaram a atrair centenas de milhares de utilizadores na Internet.
Este acidente ecoa uma tragédia que ocorreu no início de 2019 em Espanha, na Andaluzia, quando uma criança de dois anos morreu depois de cair num poço abandonado com mais de 100 metros de profundidade.
Madremedia