A partida de Carles Puigdemont para a Bélgica deixou “parte da população” que sempre o apoiou, no referendo e na declaração unilateral de independência, “perdida e desamparada”.
“Obviamente, há uma parte da população que está um pouco surpreendida e desiludida, porque não entende o que se está a passar”, afirma Tanit, a presidente de um dos colégios eleitorais em que se realizou o plebiscito de 1 de outubro, ouvida em Barcelona pela TSF. Tanit confessa que também ela partilha alguma dessa desilusão, que fica com a partida de Carles Puigdemont para fora do país.
“Teríamos de ter um governo que se debatesse por nós. Agora partiram para a Bélgica, nem sabemos com que objetivo”, disse esta catalã, esperando que não se trate de uma fuga, apenas para tentar escapar à prisão.
“Talvez haja uma estratégia, muito bem trabalhada por trás de tudo, para que se possa seguir em frente. Mas como não o sabemos e a população não sabe, é muito difícil julgá-lo, sem conhecer tudo”, disse esta catalã, que presidiu ao colégio eleitoral que funcionou no Institut Quatro Cantons, no bairro de Poble Nou, em Barcelona, no dia do referendo.
A defensora da independência afirma que uma parte da população, com quem trabalhou para o referendo, se sente agora “desamparada” sem o presidente que sempre defendeu.
“Estão perdidos e desamparados. Estavam ao lado dele. Saíram para batalhar e proteger os colégios eleitorais, no referendo de 1 de outubro e estiveram em todas as manifestações”, lembrou. “Não têm presidente, nem ninguém que represente o que pensam”.
Tanit acredita, porém, que os objetivos dos independentistas estão agora ainda mais vincados, pois, as pessoas têm “muita energia e estão muito zangadas com o Estado central”.
“São as mesmas pessoas que estiveram aí no 1 de outubro. Aconteceu o que aconteceu e isso apenas levou a crispar ainda mais o ambiente. Estas pessoas vão fazer o que for preciso de forma sempre pacífica”, acredita Tanit.
Fonte: TSF
Foto: Jon Nazca/Reuters