Em Lisboa, os estudantes deslocados representam 40% dos alunos das universidades. Mas sem lugar em residências estudantis e com quartos a preços incomportáveis, há já quem desista do curso.
A crise na habitação veio agravar a falta de oferta e o preço do alojamento para estudantes. Numa altura em que há 50 mil alunos deslocados em Lisboa, para uns a solução são as residências universitárias, para outros a única opção é voltar para a terra de origem.
Sara é de Portalegre e é estudante de dança na Faculdade de Motricidade Humana. Demorou dois meses para encontrar um quarto.
“Os preços são exorbitantes, mais do que 400 euros para cima. Um dos quartos que eu viera um quarto pequeno sem janela, terrível, muito triste”, relata.
Conseguiu encontrar uma vaga numa residência universitária. Se assim não fosse, confessa, tinha ficado desesperada.
“Muito em pânico, porque teria de arranjar um quarto acessível. Se não encontrasse, teria mesmo fazer o chamado ano sabático: congelar a minha matrícula, para ir para casa dos meus pais e trabalhar, até arranjar uma solução”, afirma.
Uma solução que muitos estudantes acabam por não encontrar.
“Infelizmente, já conhecemos alguns casos de estudantes que, por não terem conseguido encontrar um quarto na nossa cidade, e também não tendo conseguido uma vaga numa residência universitária, tiveram de desistir dos seus sonhos de frequentar o ensino superior”, lamenta Diogo Ferreira Leite, presidente da Associação Académica de Lisboa.
Preços aumentaram 13% no último ano
Na capital, a média de preços dos quartos aumentou 13% em relação ao ano passado. O preço pode agora ultrapassar os 400 euros.
“Desenvolvemos uma plataforma no nosso website – que é um banco de habitação -, que centraliza a informação de quartos, por um lado, a preços relativamente acessíveis, e também, por outro lado, que tenham senhorios que se comprometam a salvaguardar os direitos dos estudantes (a passar recibo-fatura e a contratualizar um contrato de arrendamento”, adianta o presidente da Associação Académica de Lisboa.
A autarquia prevê construir duas residências universitárias com o total de 624 camas. Carlos Moedas afirma que o problema causa injustiças, numa altura em que em Lisboa há 50 mil estudantes deslocados, que representam cerca de 40% dos alunos das universidades.
SIC Notícias