João Rendeiro foi detido esta manhã na África do Sul, onde chegou a 18 de setembro deste ano. Numa conferência de imprensa, a Polícia Judiciária deu conta dos detalhes da detenção do ex-presidente do Banco Privado Português (BPP).
A Polícia Judiciária confirmou esta manhã a detenção de João Rendeiro em comunicado, mas foi através de uma conferência de imprensa, na sede da autoridade judicial, que o Diretor da Polícia Judiciária, Luís Neves, deu conta de alguns dos detalhes desta detenção:
- Em setembro, quando a PJ foi informada da fuga de João Rendeiro, foi emitida “uma notícia vermelha — de pessoa procurada para deter — e começamos imediatamente a trabalhar nesse sentido”, diz Luís Neves.
- João Rendeiro saiu do Reino Unido a 14 de setembro e entrou na África do Sul a 18 de setembro.
- Quando Maria de Jesus Rendeiro foi detida já a PJ conhecia o paradeiro do ex-banqueiro. Recorde-se que a esposa de Rendeiro terá dito à data ao Tribunal de Instrução Criminal (TIC) que este se encontraria na África do Sul.
- Acrescenta Luís Neves que a PJ recolheu “informação de que terão havido saídas e entradas nos países que fazem fronteira” com a África do Sul.
- Pouco tempo depois, a PJ estabeleceu contactos com os parceiros no país em sede de cooperação policial internacional.
- “Na semana de 20 a 24 de novembro, reunimos com os parceiros e mais altos dirigentes policiais da República da África do Sul quando explicámos o quão graves foram os crimes desta pessoa”.
- O culminar da operação deu-se com a detenção de João Rendeiro “hoje [sábado, 11 de dezembro] às 7h00 da manhã na República da África do Sul.
- João Rendeiro será agora apresentado às autoridades judiciárias no país e a PJ informou os parceiros que este não tem qualquer intenção de se apresentar às autoridades portuguesas, mas “tudo faremos para que a Justiça seja materializada nesta parte final”.
- Questionado sobre o local onde o ex-banqueiro está neste momento, o diretor da Polícia Judiciária disse apenas que “está detido muito longe de Pretória e de Joanesburgo”.
- Adiantou, todavia, que a PJ detetou “há muito tempo que João Rendeiro estava na zona mais rica de Joanesburgo, na zona financeira, em Southampton, que era o seu local habitual de refúgio, em hotéis de 5 estrelas, mas depois teve outros lugares por onde deambulou para dificultar esta detenção”.
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- “Estou convencido de durante o dia de hoje estaremos em condições de dizer onde foi detido João Rendeiro”, detalhe que está ainda por revelar por parte da PJ.
- Questionado sobre se João Rendeiro tem uma segunda nacionalidade, o Diretor Nacional da PJ disse que “não pode” falar sobre isso, mas adiantou que o ex-banqueiro “tem uma autorização de residência emitida no dia 10 de novembro de 2021, e emitida como cidadão nacional”.
- Já sobre a escolha da África do Sul como país de refúgio, Luís Neves diz que a PJ está “convencida” de que “foi um apoio pessoal inicial que lhe permitiu ser recebido e estar escondido nos primeiros tempos” e “que através de um determinado mecanismo legal que existe na África do Sul, através de algum investimento, que ele [Rendeiro] pudesse pensar que tinha a possibilidade de não ser extraditado. Mas desde o primeiro contacto que tivemos com os nossos parceiros vislumbramos que é possível extraditar”.
- A policia reconhece que está a par do que se passou no “hiato de tempo” entre 14 e 18 de setembro, momento em que Rendeiro entrou na África do Sul, mas não acompanhou “logo aí à primeira”. Se o tivesse feito, poderia ser possível detê-lo mais cedo. “Se tivéssemos conhecido atempadamente que de havia esta fuga em curso, e de que estava no espaço europeu, teríamos diligenciado para ter outros mecanismos que obstassem a que estivéssemos estes meses à procura de um fugitivo”.
- João Rendeiro não só cometeu qualquer deslize, como “utilizou os meios tecnológicos mais avançados, que custam uma exorbitância, para poder comunicar de uma forma indetetável. A entrevista que deu à CNN fê-lo de uma forma encriptada, que não permitia que fosse detetada [a sua localização]. Isto é o grande sinal de que João Rendeiro jamais pretendia apresentar-se às autoridades judiciárias e fez tudo para esconder uma vida muito escondida, ganhar tempo, e se calhar algum estatuto, para inviabilizar a extradição”, disse Luís Neves.
- Questionado sobre se o ex-banqueiro foi ajudado por alguém nesta fuga, o Diretor Nacional da Polícia Judiciária disse que não foi detetada informação nesse sentido, mas sabe que “esta fuga foi por ele [Rendeiro] preparada durante vários meses”.
Recorde-se que o antigo presidente do BPP, condenado no final de setembro a três anos e seis meses de prisão efetiva num processo por burla qualificada, estava em parte incerta após ter fugido à justiça.
Madremedia