Pedro Abrunhosa: O encantador de multidões!

Bárbara Bandeira, que atuou na primeira parte da nona noite da Expofacic, bem tinha avisado: depois dela, viria um grande artista português, que dá pelo nome de Pedro Abrunhosa…

A jovem cantora, que fez um espetáculo bastante agradável no local em que ela mesmo classificou como “fantástico” tinha toda a razão: diga-se o que disser de Pedro Abrunhosa, é inegável o seu à-vontade com o público, a sua simplicidade, a sua evidente camaradagem com os músicos que o acompanham (uma excelente banda, os “Comité Caviar”…) e a sua forma interventiva, onde dá voz aos que se sentem enganados pelo sistema!

Abrunhosa trouxe uma enorme lufada de ar fresco à Expofacic, assim como tinha sido com Mariza, por exemplo. Ele mostrou à enorme multidão que o acompanhou ao longo de mais de duas horas de concerto, que é possível fazer-se poesia e música de forma conjugada e, ao mesmo tempo, ser um verdadeiro show man. Quem está na plateia consegue sentir o pulsar da veia poética deste artista, que entra em palco, arrasa e, aparentemente, tem um prazer tão grande naquilo que faz, que acaba por não querer sair…

Pedro Abrunhosa foi, entretanto, bastante mais para além do mero papel de um artista que é pago para entreter as pessoas: Abrunhosa quis dar música, quis tocar em grande, quis dançar e colocar o público a fazer o mesmo. Ele também quis falar de humanidade… ele fez questão de mostrar, que todos nós podemos ser um pouco mais do que já somos!

Abrunhosa acrescentou mais uma pequena gota no enorme oceano humanitário que, teimosamente, vai procurando durante 365 dias por ano, não deixar cair em mãos erradas e absolutistas, o poder. Abrunhosa não se absteve de mostrar às pessoas que “um irmão não é aquele que se explode no meio da multidão” nem deixou de referenciar a horrorosa “Santa Inquisição”. Por isso, foi assim que ele, de uma forma tão simples e direta, tocou milhares de corações que necessitam urgentemente de ações verdadeiras, que nasçam das palavras que denunciam a crueldade do mundo em que vivemos…

Mas, ontem foi uma noite especial, não somente pelo facto de um grande artista ter mostrado talento e humanidade em profusão. Ali bem perto, no stand da Casa do FC Porto de Cantanhede, esta resolveu homenagear um dos seus: Carlos Negrão, recentemente falecido de forma abrupta e sócio nº 136 daquela casa, teve descerrada uma placa em sua honra e em honra ao homem educado, culto e defensor dos seus ideais, que foi ao longo da vida.

Gestos como este, marcantes e singelos ao mesmo tempo, vão acontecendo a cada dia num qualquer local da Expofacic. As vozes se fazem ouvir, também em momentos onde as palavras faltam e dão lugar às lágrimas…

No fundo, bem lá no fundo, as palavras cantadas com amor e revolta ou os gestos de carinho pelos que já partiram, são momentos de respeito que o ser humano tem pelo seu próximo e por si mesmo. O mundo felizmente, avança, desta forma!

Jornal Mira Online

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