OPINIÃO QUE CONTA: “4 MILHÕES DE EUROS – Estrada (com)prometida” (Carlos Sérgio Negrão)

30.6.2023 –

“A base do relacionamento de toda e qualquer estrutura partidária e de todo e qualquer participante ativo na vida política de comunidade em que está inserido é, inquestionavelmente, a credibilidade que consegue transmitir aos seus eleitores e que naturalmente servirá de base para receber, na urna, a confiança dos mesmos.

Qualquer pessoa que se disponibilize a fazer parte deste grupo, cada vez mais reduzido, que são as pessoas disponíveis para fazerem parte da vida publica e política da comunidade em que estão inseridos, tem de estar ciente que, com o nível de escrutínio e de exigência que hoje é aplicado às suas ações ou ausência das mesmas, facilmente poderão ser questionados na execução das suas tarefas em prol da comunidade.

Existem fóruns adequados para o escrutínio e para a análise das performances governativas dos que, no momento alto do exercício da democracia (eleições), foram eleitos pelo povo.

Na passada sexta-feira houve mais um desses momentos em que se concretizou a realização de mais um desses fóruns. Teve lugar a realização de uma Assembleia Municipal de Cantanhede.

O tema que me traz aqui hoje, infelizmente tem décadas de existência e, pelo que me foi dado a ouvir, a sua resolução vai-se prolongar no tempo. Esperemos que não seja ad aeternum.

A construção da estrada que ligará a rotunda da estrada N109 à Zona Industrial da Tocha é uma reivindicação há muito identificada pelas gentes da Tocha e pelos investidores naquela zona Industrial. Trata-se de uma infraestrutura que me parece estratégica para o desenvolvimento consolidado do concelho em geral e da freguesia da Tocha em particular, na medida em que promoverá um acesso facilitado a uma zona industrial que, a exemplo das outras do concelho, se encontra em franca expansão.

Na Assembleia Municipal de Cantanhede da passada sexta-feira, dia 23 de Junho de 2023, a Srª Presidente da Câmara Municipal deixou claro, e até quantificou, o grau de dificuldade para a concretização deste desiderato. Segundo ela, trata-se de uma obra que ascende ao valor de cerca de 4 milhões de euros, o que, para satisfazer esse valor, inviabilizaria totalmente o plano de requalificação das restantes vias do concelho. “Para fazer esta obra teria que abdicar do resto do trabalho da equipa de tapete betuminoso no concelho”, esta foi uma afirmação que se destacou da sua intervenção sobre este tema.

Infelizmente pressinto, por isto, que a estrada em causa passará de “prometida” a “(com)prometida”.

Não tenho, como é obvio, razões para duvidar dessa informação, mas naturalmente faço uma leitura política deste posicionamento. Para mim ficou claro (espero que esteja enganado) que dificilmente vai ser desta que as gentes da freguesia da Tocha irão ter o que necessitam no que a esta via diz respeito.

Na minha humilde opinião, perante a provável impossibilidade de financiar a obra em causa pela via dos quadros de apoio e/ou do PRR, certamente que existirão alternativas que permitam garantir a viabilidade da concretização desta infraestrutura estratégica para a freguesia da Tocha e para o concelho de Cantanhede.

Finalmente, não posso deixar de realçar algo que já partilhei com algumas pessoas pois, não nos podemos esquecer que, independentemente do valor da obra (seja a preços pré ou pós pandemia), esta obra será sempre uma obra que chegará com décadas de atraso, o que nos dias de hoje é muito difícil de compreender e aceitar.

Infelizmente, vivemos tempos em que a palavra dos “políticos” é cada vez mais identificada como pouco “honrada”, sei bem que a característica da palavra da Srª Presidente não se enquadra nestes termos, mas para combatermos este fenómeno convém cumprirmos o que prometermos e só prometermos o que pudermos cumprir.”