O mirandês: língua poderá desaparecer em 30 anos

16.9.2023 –

O primeiro grande passo para proteger o mirandês foi dado há 25 anos com a aprovação de uma lei que lhe conferiu o estatuto de segunda língua oficial do país. Mas ainda há muito a fazer para manter vivo o mirandês.

Há 25 anos que o mirandês ganhou o estatuto de segunda língua oficial do país. Tão antigo como o português, aquele que começou por ser considerado um dialeto, é falado por cerca de 3.500 pessoas mantendo as suas raízes presas às aldeias. Mas como todas as línguas minoritárias, o mirandês corre o risco de se perder embora seja ensinado nas escolas de Miranda do Douro.

O Mirandês ainda resiste na região que lhe deu origem, não só por força do isolamento de outros tempos, mas graças essencialmente à persistência dos mais velhos.

Só que o despovoamento é uma verdadeira ameaça para esta língua minoritária

O primeiro grande passo para proteger o mirandês foi dado há 25 anos com a aprovação de uma lei que lhe conferiu o estatuto de segunda língua oficial do país. Mas ainda há muito a fazer para manter vivo o mirandês.

Há dois anos que Portugal iniciou um processo de adesão à Carta Europeia das Línguas minoritárias que lhe dará um reconhecimento internacional.

Essa adesão à Carta Europeia das línguas minoritárias irá traduzir-se também na adoção de medidas práticas, desde logo o uso do mirandês nas instituições públicas.

Outro esforço para que ao mirandês se mantenha vivo é o ensino da língua ministrado nas escolas de Miranda do Douro há mais de 30 anos.

Atualmente cerca de 80% dos jovens e crianças, do pré-escolar ao 12º ano, aprendem a falar e a escrever mirandês, apesar de ser uma disciplina opcional. E embora haja mais de 400 alunos a frequentar a disciplina de língua e cultura mirandesa não é lecionada em pé de igualdade com outras disciplinas.

Outra lacuna do ensino do mirandês é a escassez de manuais escolares.

Da parte das instituições locais tem havido um esforço em preservar a língua inscrita também na toponímia das ruas e das aldeias a par do português.

Também está presente em várias obras literárias traduzidas e originais.

Toda esta dinâmica em torno da língua consegue a todo o custo mantê-la viva e ainda ativa nas gerações presentes. Mas até quando não se sabe.

Um recente estudo realizado pela Universidade de Vigo estima em cerca de 3.500 o número de pessoas que conhecem o mirandês, mas apenas 1.500 usam-na regularmente.

De acordo com o mesmo estudo, se nada de mais estruturante for feito para alimentar a língua é provável que o mirandês praticamente desapareça nos próximos 30 anos.

SIC Notícias