29.10.2025 –
Terceira edição destaca alargamento do rastreio nacional e reforça importância de conhecer as características específicas de cada tumor.

A campanha “O Meu é Diferente do Teu” está de volta para a sua terceira edição, promovida pela AstraZeneca e Daiichi Sankyo, em parceria com a Careca Power, Evita, Liga Portuguesa Contra o Cancro, Sociedade Portuguesa de Senologia e Sociedade Portuguesa de Oncologia. A iniciativa volta a alertar para a diversidade dos subtipos de cancro da mama e celebra uma mudança significativa em saúde pública: o alargamento do programa nacional de rastreio para mulheres entre os 45 e os 74 anos.

Rastreio alargado: deteção mais precoce salva vidas
O cancro da mama é o segundo cancro mais diagnosticado no mundo e em Portugal, sendo o mais comum entre as mulheres. Anualmente, são diagnosticados cerca de 8.954 novos casos no país, com aproximadamente 2.211 mortes associadas a esta doença. Apesar destes números, a mortalidade tem vindo a diminuir nos países ocidentais, resultado de diagnósticos mais precoces e melhores tratamentos.
Contudo, na Europa, a incidência entre mulheres jovens (com menos de 45 anos) tem aumentado. O alargamento do rastreio, em vigor desde março de 2025, vem responder a esta realidade, permitindo que milhares de mulheres anteriormente excluídas passem a ter acesso a exames regulares.
“O facto de o rastreio nacional passar a incluir mulheres a partir dos 45 e até aos 74 anos é particularmente relevante porque responde a duas realidades distintas”, explica o Dr. José Luís Passos Coelho, presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia. “Por um lado, permite chegar a mulheres mais jovens, que ainda estão em idade ativa e muitas vezes não percepcionam o seu risco; por outro, garante acompanhamento a mulheres em idades mais avançadas, que continuam vulneráveis.”
A deteção precoce continua a ser fundamental. “Quanto mais cedo conseguirmos intervir, maior a probabilidade de tratamento e, em muitos casos, cura e melhor qualidade de vida das doentes”, reforça o especialista.
Nem todos os cancros da mama são iguais
Com o mote “Se somos todas diferentes, porque é que o nosso cancro há de ser igual?”, a campanha sublinha uma realidade ainda pouco conhecida: existem vários subtipos moleculares de cancro da mama, cada um com diagnósticos, prognósticos e tratamentos específicos.
O cancro da mama classifica-se de acordo com a presença de recetores moleculares específicos na superfície das células tumorais, como os recetores hormonais de estrogénio e progesterona (RE e RP) e o recetor do fator de crescimento epidérmico humano tipo 2 (HER2). Esta análise, realizada em laboratório, permite identificar quatro subtipos principais:
Luminal A – O mais prevalente, com elevada expressão de recetores hormonais, menor agressividade e ausência de HER2.
Luminal B – Menos comum que o Luminal A, pode ter ou não positividade para HER2 e tende a apresentar maior índice de proliferação.
HER2+ – Cresce mais rapidamente que os cancros luminais, não expressa recetores hormonais mas apresenta elevada expressão de HER2.
Triplo negativo – Sem expressão para recetores hormonais nem para HER2, é o subtipo com maior índice de agressividade.
Recentemente, a ciência tem reconhecido novos perfis, como o cancro da mama HER2-low, caracterizado por uma baixa expressão do biomarcador HER2, sinal da evolução científica nesta área.

Conhecer o subtipo faz diferença
“Sabemos hoje que o cancro da mama é uma doença heterogénea e que não existem dois casos iguais”, afirma a Dr.ª Gabriela Sousa, presidente da Sociedade Portuguesa de Senologia. “Esta diversidade biológica reforça a necessidade de individualizar o tratamento, adaptando-o a cada subtipo.”
A especialista sublinha que é fundamental as mulheres perguntarem ao médico qual o seu tipo específico de cancro. “Pode fazer toda a diferença na tomada de decisão partilhada quanto à escolha do tratamento e no prognóstico da doença”, explica, sendo corroborada pela Dr.ª Leonor Ribeiro, da direção da Sociedade Portuguesa de Oncologia.
O Dr. Pedro Simões, também da direção da SPO, reforça o propósito da campanha: “Pretende-se sensibilizar para a importância do rastreio, mas também para esta realidade da diversidade do tipo de cancro, que tem impacto direto no dia a dia de quem recebe um diagnóstico e em toda a jornada da pessoa com cancro da mama.”
Literacia em saúde: o desafio continua
Apesar dos avanços científicos na gestão clínica do cancro da mama, persiste um grande desafio ao nível da literacia em saúde. É crucial que as mulheres compreendam a importância de conhecer o seu subtipo e estejam informadas sobre as opções terapêuticas disponíveis.
A campanha é ativada nas redes sociais com partilha de informação útil e prática sobre os subtipos de cancro da mama, diferentes estádios da doença e outras informações relevantes. Através de vídeos, testemunhos e conteúdos educativos, o objetivo é promover a prevenção, aumentar o conhecimento e dar voz a todos os que vivem com a doença.
A mensagem é clara: se lhe for diagnosticado cancro da mama, o seu subtipo pode ser diferente do de outra pessoa. Conhecer essa diferença é o primeiro passo para encontrar o tratamento mais adequado. Por isso, lembre-se: “O Meu é Diferente do Teu”.
Jornal Mira Online
Fontes: Daiichi-Sankyo / AstraZeneca






