O Dubai adotou uma semana laboral mais curta para favorecer a produtividade e o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
Além da instauração da semana de quatro dias e meio de trabalho, os Emirados Árabes Unidos (EAU) alteraram o tradicional fim-de-semana de sexta-feira e sábado para sábado e domingo, para alinhar o país com os mercados globais e melhorar a competitividade económica.
“A abordagem foi cuidadosamente estudada para beneficiar todos os segmentos da sociedade, embora possa parecer que são as empresas que mais beneficiam com a nova semana de trabalho. Acreditamos firmemente que tem sido altamente benéfico para os empregados e famílias. Com uma semana de trabalho alinhada com o resto do mundo, facilitamos o planeamento das férias para as pessoas que residem nos Emirados e tem família no estrangeiro. Sem esquecer, claro, a comunidade empresarial, que vai certamente tirar partido do alinhamento com o horário de trabalho internacional, o que permite uma melhor integração nos mercados globais em tempo real. Acreditamos que as medidas são interessantes para a sociedade como um todo”, disse à euronews Abdulla Ali Rashid Al Nuaimi, subsecretário adjunto de Comunicação e Relações Internacionais dos EAU.
Uma semana alinhada com os mercados globais
A nova organização do trabalho deverá facilitar as transacções financeiras, económicas e comerciais com outros países. “Há uma grande vantagem porque antes costumávamos ter de trabalhar para participar em chamadas com clientes noutros países, frequentemente à sexta-feira, porque na Europa, a sexta-feira à tarde é um dia mais leve ao nível dos contactos com os clientes. Éramos excluídos porque não podíamos participar ou porque éramos obrigados a participar durante o fim-de-semana. Por isso, para nós, nessa perspectiva, é uma verdadeira melhoria”, explicou Santiago Castillo, da empresa Roland Berger.
A transição para um sistema alinhado com os mercados globais começou por ser aplicada ao sector público e às escolas. Depois foi a vez dos mercados financeiros. O setor privado deverá também seguir o exemplo.
Com esta decisão governamental, os EAU tornaram-se no primeiro país do mundo a adotar uma semana de trabalho de quatro dias e meio, de segunda-feira até ao meio-dia de sexta-feira.
A melhoria da conciliação vida profissional-vida privada
Os novos horários nos Emirados foram aplicados às escolas onde o dia escolar deverá terminar ao meio dia de sexta-feira.
“Trata-se de favorecer o bem-estar, com a oportunidade de reduzir a semana de trabalho para que os nossos filhos, o nosso pessoal e as nossas famílias possam passar tempo juntos. Foi uma verdadeira bênção e uma surpresa interessante que foi muito bem recebida pelo pessoal e pelos alunos. Tem sido muito fácil fazer pequenas adaptações para que possamos manter a riqueza das aprendizagens porque não queremos reduzir o currículo. A educação deve ser algo divertido e deve abarcar muitas coisas. Temos sido capazes de fazer pequenos ajustes para maximizar o tempo de ensino e as aprendizagem das crianças”, contou Clare Turnbull, directora da Royal Grammar School Guildford Dubai.
Para quem reside no Dubai, o novo fim-de-semana de dois dias e meio é visto como uma forma de melhorar o equilíbrio entre vida profissional e vida familiar.
“Dar prioridade ao equilíbrio entre trabalho e família é muito importante. O facto de todos nós podermos ver os nossos filhos que precisam de nós. Temos de ser um modelo para eles e temos de passar tempo com eles. Penso que a maioria dos pais está a adorar o facto de terem filhos felizes à hora do almoço, e ir buscar as crianças ao meio dia. E nós temos energia para estar com eles à sexta-feira. Penso que muitas pessoas deverão ser beneficiadas com a medida, há muitas coisas que podemos fazer à sexta-feira. Há sítios como clubes de praia onde podemos ir com amigos porque os meus filhos não tinham muito tempo para brincar. Tem sido realmente fantástico eles poderem conviver com os amigos”, contou Edwina Viel, residente no Dubai.
A pandemia de Covid-19 deu visibilidade às questões da conciliação entre vida profissional e vida privada, da saúde mental e do impacto do bem estar na produtividade. Empresas do Reino Unido estão atualmente a testar a semana de 32 horas.
Euronews