As arguidas, uma enfermeira e uma segurança, estão acusadas pelo Ministério Público da morte de um homem, em março passado, com o objetivo de se apoderarem do dinheiro que tinha recebido.
As arguidas, uma enfermeira e uma segurança, estão acusadas pelo Ministério Público (MP) da morte de Diogo Gonçalves, em março de 2020, com o objetivo de se apoderarem do dinheiro que tinha recebido de indemnização pela morte da mãe — atropelada na zona de Albufeira, em 2016. O caso acabou na morte do jovem de 21 anos, depois de ser drogado e asfixiado.
As duas mulheres estão acusadas pelo MP pelos crimes de homicídio qualificado, profanação de cadáver, dois crimes de acessos ilegítimo, um crime de burla informática, roubo simples e uso de veículo.
Maria e Mariana eram namoradas e viviam juntas. Depois de terem sido presas, escreve o Expresso, dividiram uma cela na cadeira de Tires, mas acabaram por se zangar, separaram-se e agora cada uma acusa a outra de ter sido a verdadeira instigadora do homicídio.
De acordo com o MP, as arguidas, Mariana Fonseca, de 24 anos, enfermeira, e Maria Malveiro, de 21 anos, segurança, “terão ido a casa da vítima, um engenheiro informático, situada na área de Silves, onde lhe terão dado disfarçadamente fármacos para o adormecerem e lhe terão apertado o pescoço até o matarem”. O objetivo era o de lhe roubarem dinheiro, já que este tinha recebido 70 mil euros de uma indemnização pela morte da mãe, atropelada na zona de Albufeira, em 2016.
Depois de terem retirado de casa do jovem vários objetos de valor, incluindo o seu telemóvel, levaram-no “no seu próprio carro até casa das arguidas, situada na zona de Lagos”.
O semanário Expresso detalha o que se passou a seguir. No dia seguinte, depois de tomarem o pequeno-almoço, esquartejaram o cadáver na garagem com um cutelo que roubaram num hipermercado. “Cortaram a cabeça, os braços e os pés. Ainda pensaram em tirar-lhe os dentes, mas, como a língua do rapaz tinha ficado esticada para a frente (é o que acontece às vítimas de asfixia), desistiram. Também não conseguiram cortar as pernas, porque o sangue começou a espirrar e elas assustaram-se. Meteram tudo em sacos grandes do lixo e foram descansar”.
Também como na série, o corpo foi guardado em vários sacos de lixo, e estes deixados em dois locais. Os que continham parte do corpo, o tronco e os dedos cortados, foi lançado ao mar junto ao Forte Beliche, em Sagres. Os restantes, com a cabeça, os braços e os pés, foram abandonados no Pego do Inferno, junto a Tavira.
O MP indicou que, ao longo desses dias e até serem detidas a 1 de abril, as arguidas terão feito levantamentos e pagamentos com o cartão de débito e com o telemóvel da vítima. No total, terão levantado pouco mais de 2 mil euros.
Quem influenciou quem?
A advogada de Maria Malveiro (a segurança) é Tânia Reis, a mesma de Rosa Grilo; Mariana Fonseca (a enfermeira) é defendida pelo advogado João Grade dos Santos. Uma culpa a outra e ambas não têm antecedentes criminais.
O advogado de defesa da enfermeira pediu a abertura da instrução do processo, por considerar que esta não havia participado em todas as fases do crime, tendo a decisão instrutória sido conhecida em dezembro. O juiz de instrução entendeu levar a julgamento o caso “tal como estava, por considerar que o primeiro depoimento da arguida foi mais consistente”, disse à Lusa o advogado.
O magistrado referiu que Mariana “não se limitou a ajudar”, considerando mesmo que “sem ela o crime não teria ocorrido da mesma forma”, acrescenta o Correio da Manhã.
No Requerimento de Abertura de Instrução de Mariana Fonseca, a que o Expresso teve acesso, a defesa alega que Maria “dominava todos os aspetos da relação” e que a enfermeira “se limitava a obedecer” e que foi o “temor” que sentia que a levou “a praticar atos sem efetuar um juízo de autocensura sobre os mesmos”. Mais, no dia do crime, diz que se limitou a ficar à porta de casa de Diogo Gonçalves, “dentro do carro”, e sem conhecido do que se passava no interior da habitação. Quando entrou, viu a namorada a estrangular a vítima, ainda tentou reanimá-lo, mas quando este recuperou os sentidos, saiu da sala e não sabe que aconteceu depois. E ao contrário do que confessou quando foi detida, garante agora que não foi ela a roubar os calmantes no hospital que deixaram a vítima inconsciente antes de ser morto.
Já a defesa de Maria Malveiro solicitou que lhe fosse feita uma perícia psiquiátrica. Não só para determinar o seu grau de inimputabilidade, mas também qual era o seu “quadro psicofísico” na altura do crime, bem como “a sua capacidade para avaliar o alcance dos seus atos”, relata o semanário.
A conclusão dos testes diz que a segurança “não apresenta sintomatologia psiquiátrica que permita realizar qualquer diagnóstico de patologia do foro mental”. Segundo o Expresso, o psiquiatra que a observou anotou que a arguida confessou “arrependimento” pelo crime, mas não “esboça” qualquer “manifestação emocional ao descrever a situação”. E, ao ser “capaz de distinguir o bem e o mal”, não pode ser considerada “inimputável”.
Fonte: MadreMedia