O artista morreu aos 79 anos, anuncia a agência Reuters, que cita a agência de notícias de Atenas. Conhecido pelas bandas sonoras de música eletrónica de filmes como “Blade Runner” e “Momentos de Glória”, foi pelo trabalho no segundo que foi agraciado com um Oscar, em 1981.
A agência de notícias de Atenas — via Reuters — adianta ter recebido um comunicado do escritório de advogados que representava Vangelis. A nota diz que o compositor morreu durante a noite desta passada terça-feira, sem revelar a causa de morte.
Segundos alguns meios de comunicação gregos, o artista morreu devido a uma infeção com Covid-19 ea França, onde vivia em durante algumas temporadas.
Nascido em 1943, Vangelis — cujo nome verdadeiro era Evangelos Odysseas Papathanassiou — começou desde cedo a interessar-se por música.
Sem treino formal, o artista deu os primeiros passos como músico em bandas de rock locais em Atenas, onde cresceu. Todavia, o golpe militar de 1967 levou ao exílio em Paris, aos 25 anos, acompanhado de mais jovens artistas gregos.
Foi nesse meio fervilhante que, juntando as suas inspirações de infância de música folclórica grega aos sintetizadores eletrónicos que começaram a surgir no mercado e a permitir sons e combinações até então impossíveis, Vangelis começou a criar a sua sonoridade inconfundível.
Apesar de fazer parte do “boom” das bandas de rock progressivo que começaram a despontar na Europa dos anos 70, o artista grego cedo rejeitou ser forçado a responder às necessidades comerciais e às dinâmicas da indústria musical, mudando-se para Londres, onde construiu o seu estúdio pessoal.
Pioneiro da música eletrónica, este autodidata inspirava-se na exploração espacial, na natureza, na arquitetura futurista, no Novo Testamento ou no movimento estudantil de maio de 1968 na França.
Foi daí que surgiram os temas que o eternizaram, como as bandas sonoras de “Momentos de Glória” (1981), “Blade Runner” (1982), “Missing – O Desaparecido” (1982) ou “1492 – A Conquista do Paraíso” (1992).
A música que compôs para “Momentos de Glória” valer-lhe-ia um Oscar de Melhor Banda Sonora Original em 1982 e seria considerada uma “pedrada no charco” no que toca à composição para filmes, já que se tratava de música totalmente eletrónica e sintética quando a larga maioria dos filmes contava com arranjos orquestrais.
Além de receber esta distinção, a música tornar-se-ia ainda icónica e para sempre relacionada com eventos de atletismo de provas de corrida — tema, de resto, de que trata o filme, a história do triunfo de um conjunto de atletas britânicos nos Jogos Olímpicos de 1924. A sua ligação ao desporto cimentou-se também ao compôr a música oficial do Campeonato do Mundo de 2002, organizado na Coreia do Sul e no Japão.
Por cá, haveria outra razão, bem mais curiosa, para Vangelis se tornar conhecido do grande público. A música que compôs para “1492 – Cristóvão Colombo” seria a escolhida para acompanhar a campanha de António Guterres às Legislativas de 1995 e o seu mandato enquanto primeiro-ministro socialista até 2001.
Além do seu trabalho para cinema, Vangelis manteve ainda uma assinalável produção discográfica entre os anos 70 e o início dos anos 2000, fase em que o ímpeto criativo abrandou. Ainda assim, o seu último lançamento, “Juno to Jupiter”, data de 2021.