Milhares de apoiantes do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, manifestaram-se hoje nas ruas do Rio de Janeiro contra o sistema de voto por urnas eletrónicas, em vigor desde 1996, reportou a agência noticiosa France-Presse.
Cerca de 3.000 pessoas desfilaram junto à praia de Copacabana, a maioria sem máscara, e vestida de amarelo e verde, as cores da bandeira nacional, pedindo “mais transparência” no sistema de voto e recontagem, por terem existido, anteriormente, “suspeitas de fraude”, indicaram manifestantes.
Bolsonaro, que pretende ser reeleito em 2022, não defende o regresso ao voto em papel, mas que seja impresso um recibo após cada voto na urna eletrónica, para que os votos possam ser contados fisicamente.
“O voto estritamente eletrónico é um roubo! O voto com os recibos impressos não é complicado, as pessoas vão adaptar-se”, comentou Roxana Guimaraes, uma enfermeira de 45 anos, que seguia no desfile.
Alguns analistas políticos consideram que o líder do país está a preparar o terreno para contestar o resultado em caso de derrota, como fez o ex-Presidente norte-americano Donald Trump, de quem é um fervoroso admirador.
O Presidente do Brasil não participou na manifestação, que também reuniu milhares de pessoas em Brasília, mas fez um discurso por videoconferência, referindo que não irá aceitar eleições que não sejam “limpas e democráticas”.
Acrescentou que irá fazer “todo o possível” para impor a impressão de recibos no voto eletrónico.
Na quinta-feira, Bolsonaro escreveu na rede social Facebook estar convicto de terem acontecido fraudes nas duas eleições presidenciais anteriores, e que ele próprio devia ter sido eleito na primeira volta, em 2018.
No entanto, não apresentou qualquer prova, e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) assegura que o sistema atual é totalmente transparente e nunca apresentou qualquer irregularidade, apontando, ao mesmo tempo, que a impressão de recibos poderá, sim, dar origem a manipulações.
No último fim de semana, dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se no Brasil para reclamar a destituição do Presidente Bolsonaro, muito criticado pela sua gestão da pandemia covid-19, que já fez mais de 550 mil mortos no país.
Fonte e eImagem: Lusa