A consulta pública do relatório de avaliação ambiental preliminar do Programa de Prospeção e Pesquisa de Lítio termina esta sexta-feira. A exploração do chamado ouro branco continua a suscitar muitas dúvidas e sobretudo críticas das populações das áreas abrangidas e por parte das associações ambientalistas.
Em Viseu, três organizações ligadas ao meio ambiente promovem até hoje uma petição contra a prospeção mineira. O abaixo-assinado foi subscrito nas ruas já por mais de duas mil pessoas.
Só um cidadão conseguiu que 250 pessoas subscrevessem a petição, para satisfação de António Minhoto da Associação Ambiente em Zonas Uraníferas (AZU)
“Só um cidadão arranjou 250 assinaturas, o que mostra a contestação das populações”, salienta.
A petição contra o lítio e a destruição do meio ambiente é promovida pela AZU, Associação Olho Vivo e Movimento ContraMineração Beira Serra, que considera que a exploração mineira não vai trazer mais-valias para as áreas abrangidas.
Só no distrito viseense está prevista prospeção nos concelhos de Viseu, Nelas, Mangualde, Penalva do Castelo e Tondela.
“Não há ganhos, apenas destruição. É uma atividade brutal, com multinacionais que vieram para ganhar milhões, que não é sustentável, que não cria desenvolvimento e que destrói a passagem já por si limitada pelos incêndios de 2017”, argumenta António Minhoto.
O dirigente da associação ambientalista lembra ainda que a região das Beiras já está calejada e ainda está a sofrer os efeitos das minas, em particular dos coutos de urânio.
“Temos já um passivo ambiental brutal, que destruiu grande parte do subsolo e que impôs a destruição de meios hídricos”, refere.
Para o Governo, chovem ainda críticas por não ter acautelado os interesses do país neste dossiê do lítio.
“Há aqui interesses parece-nos que um bocado obscuros e os governos têm que ouvir as populações e não podem antes de ouvi-las começarem já a dar concessões”, acusa.
Com o fim da consulta pública do relatório de avaliação ambiental preliminar do Programa de Prospeção e Pesquisa de Lítio, as associações ambientalistas pedem aos autarcas para se insurgirem contra as explorações previstas. Exigem ainda que os partidos políticos clarifiquem as suas posições na campanha das próximas eleições legislativas.
José Ricardo Ferreira / TSF