Associação Belga de Sindicatos Médicos admite risco de contágio para os doentes, mas diz que não há escolha.
Há médicos na cidade de Liège, na Bélgica, que estão a receber ordens para continuar a trabalhar apesar de terem testado positivo à Covid-19.
Os serviços de saúde da cidade estão a entrar em colapso, com um quarto dos profissionais de saúde obrigados a parar por terem sido infetados pelo novo coronavírus.
Dez hospitais estão, por isso, a pedir aos médicos que testaram positivo mas que se encontrem assintomáticos para continuarem a trabalhar.
Em declarações à BBC, o presidente da Associação Belga de Sindicatos Médicos, Philippe Devos, admite o risco de contágio, mas garante que não há escolha – é a única forma de o sistema de saúde não colapsar definitivamente nos próximos dias.
Uma em cada três pessoas testadas à Covid-19 em Liège tem resultado positivo. A média nacional é de um em cada cinco casos positivos, numa altura que estão a ser realizados cerca de 80 mil testes por dia no país.
Os hospitais já estão a transferir pacientes e cancelar cirurgias não urgentes, mas estão todos no limite, prestes a ultrapassar a barreira dos 1.000 pacientes de Covid-19 nos cuidados intensivos.
Na semana passada, o ministro da Saúde belga, Frank Vandenbroucke, advertiu que o país está “realmente muito próximo de um ‘tsunami'”, uma situação na qual “já não há controlo sobre o que se passa”.
A Bélgica registou uma média de 12.491 casos nos últimos sete dias, para um total de 321.031 desde o início da pandemia, e um total de 757 doentes internados nos cuidados intensivos.
Para tentar travar a propagação da pandemia no país, o Governo decidiu decretar o recolher obrigatório em todo o território belga, o encerramento de bares, restaurantes ginásios, locais de culto e salas de espetáculo e a obrigatoriedade de teletrabalho “sempre que possível”.
Carolina Rico / TSF