08.10.2024 –
Um juiz vai ser julgado por violência doméstica contra a mulher, também ela juíza, e contra os dois filhos do casal, no distrito de Viseu. Além de controlar as receitas familiares, humilhava frequentemente a companheira.
Um namoro de oito anos entre dois juízes deu em casamento em 2000. Foi quando o pesadelo começou. Além de ter exigido que o salário da mulher caísse numa conta bancária de que ele era único titular, obrigando-a a pedir-lhe dinheiro sempre que necessitava, o homem também a agredia fisicamente, ameaçando-a de morte, e humilhava-a com frequência.
Segundo a notícia do jornal Público, fundamentada no relato do Ministério Público, o magistrado, de 51 anos, insultava-a e chamava-lhe: “estúpida, parva, burra, vaca, preguiçosa de merda”.
O homem recusou-se também a partilhar refeições em público com ela, porque considerava que era fisicamente “deformada”. Em 2010, avisou que nunca mais passaria férias com a família na praia, porque a praia era para “pessoas bonitas”.
Com vergonha, a juíza nunca recorreu a nenhuma unidade de saúde, até uma colega, em Évora, ter percebido a situação e a vítima ter pedido o divórcio em 2021.
Em 2022, o alegado agressor chegou a dirigir-se ao gabinete da mulher no Palácio da Justiça em Viseu para lhe bater, ato que terá sido interrompido pela entrada súbita na sala de uma funcionária judicial.
Continuam a trabalhar no mesmo edifício
O referido juiz continua em funções, apesar do Conselho Superior da Magistratura lhe ter aberto um processo disciplinar. Nesta altura, os dois exercem funções no mesmo edifício, em andares diferentes, no Palácio de Justiça de Viseu.
O julgamento ainda não está marcado. O juiz terá tentado afastar a magistrada que conduzia o processo no Tribunal da Relação de Coimbra e, ainda segundo o jornal Público, apresentou recurso para o Tribunal Constitucional.
Fernanda Oliveira Ribeiro/Marizabel Neto/SIC Noticias