O jornalista russo Dmitry Muratov anunciou hoje que a sua medalha do Prémio Nobel da Paz de 2021 será leiloada e os lucros serão destinados a refugiados ucranianos e feridos na invasão russa da Ucrânia.
O jornal Novaya Gazeta, do qual Muratov é editor, “decidiu doar a medalha do Prémio Nobel da Paz de 2021 a um fundo destinado a ajudar os refugiados ucranianos”, disse o jornalista num comunicado publicado no portal na Internet daquele órgão de comunicação social.
A medalha, feita de uma liga de ouro e prata, será avaliada por uma casa de leilões e, posteriormente, vendida pelo lance mais alto, acrescentou a nota.
Dmitry Muratov afirmou que a Novaya Gazeta, o último meio de comunicação independente ainda em operação na Rússia, deseja ajudar “refugiados civis, crianças feridas e aqueles que estão doentes e precisam de tratamento urgente”.
O jornal também pediu a concretização de medidas “imediatas” na Ucrânia, nomeadamente um cessar-fogo, a troca de prisioneiros, a devolução dos corpos dos mortos, o fornecimento de ajuda a civis e a criação de corredores humanitários.
O Novaya Gazeta é particularmente conhecido pelas suas investigações sobre corrupção e abusos dos direitos humanos na Chechénia. Esse compromisso custou a vida a seis de seus colaboradores desde a década de 1990, incluindo a famosa jornalista Anna Politkovskaia, assassinada em 2006.
Quase 3,5 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia e dos combates desencadeados pela ofensiva do exército russo iniciada em 24 de fevereiro, de acordo com o levantamento divulgado na segunda-feira pelas Nações Unidas.
A Rússia lançou, a 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia, depois de meses a concentrar militares e armamento na fronteira com a justificação de estar a preparar exercícios.
A guerra já matou pelo menos quase mil civis e feriu cerca de 1.500, incluindo mais de 170 crianças, de acordo com as Nações Unidas.
Segundo a ONU, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
Madremedia/Lusa