Um cidadão espanhol apanhado com 175 quilos de cocaína na A1, na zona da Mealhada, disse ontem, no Tribunal de Aveiro, que foi contratado para transportar a droga entre duas localidades espanholas, mas desconhecia a quantidade.
“Fui contratado para fazer um transporte de droga da Galiza para Huelva, recebendo em troca 2.500 euros e mil euros para despesas”, disse o arguido, no início do julgamento em que responde por um crime de tráfico de estupefacientes agravado.
Perante o coletivo de juízes, o arguido de 41 anos contou que o negócio lhe foi proposto por um amigo que não quis identificar.
Na sequência desse contacto, no dia 17 de julho de 2019, encontrou-se numa “zona de campo”, em Pontevedra, Espanha, com dois indivíduos que acoplaram ao seu automóvel o reboque onde estava escondida a droga.
“Imaginava que seria cocaína, mas não imaginava que fosse tanto”, exclamou.
O suspeito referiu ainda que estava a passar por um mau bocado, depois de se ter separado da mulher, afirmando entender a gravidade deste crime.
“Foi uma estupidez da minha parte. Não era a minha forma de vida”, afirmou.
O suspeito, que se encontra em prisão preventiva, foi intercetado pela Polícia Judiciária (PJ) no dia 17 de julho de 2019, quando transportava 30 fardos de cocaína, na A1, na zona da Mealhada, numa ação concertada com a Unidade de Combate ao Crime organizado da Guarda Civil da Galiza, em Espanha.
A droga, com um peso total de 175 quilos, estava escondida no fundo falso de um reboque que se encontrava acoplado à viatura conduzida pelo arguido.
O indivíduo, que alegadamente fazia parte de uma rede sediada na Galiza, em Espanha, foi detido e a droga, com um elevado grau de pureza e um valor de mercado de cerca de 15 milhões de euros, foi apreendida.
Cerca de um mês depois, a Guarda Civil espanhola avançou com buscas e detenções de mais 13 pessoas no país vizinho, que permitiram a recolha de uma grande quantidade de prova material, para além de dinheiro, veículos e equipamento eletrónico altamente especializado, confirmando a “elevada sofisticação da organização”.
Na altura, a PJ disse acreditar que as intervenções nos dois países “terão desmantelado uma importante rede de tráfico de estupefacientes, responsável pela introdução de grandes quantidades de drogas na Península Ibérica”.
Segundo a agência de notícias espanhola EFE, a introdução da droga seria feita por via marítima, através de um reboque de barco que estava aparentemente vazio, mas vinha equipado com um sofisticado sistema hidráulico que permitia transportar mais de 300 quilos.
De acordo com a Guarda Civil, a chamada Operação “Mansalva” resultou na detenção de 14 pessoas, 11 em Pontevedra, duas em Valência e uma em Portugal.
Além disso, a operação conseguiu apreender quase meia tonelada de cocaína (475 quilos).
De acordo com a mesma fonte, as investigações permitiram frustrar a entrega de mais de 300 quilos de cocaína em Espanha, que estavam a ser transportados da Galiza para Valência.
A polícia apreendeu ainda 12 mil euros em dinheiro, 12 telefones satélites, quatro veículos que tinham fundo duplo e um reboque. Foi também descoberta uma plantação de marijuana com mil plantas.
Lusa / Madremedia