O hospital de campanha instalado na Arena Dolce Vita de Ovar ainda tem internados três doentes com covid-19, mas será desmantelado na próxima sexta-feira, anunciou hoje a administração do Hospital Francisco Zagalo, que gere essa enfermaria provisória.
Disponibilizado para fazer face à pandemia mediante um acordo de cedência entre a Associação Desportiva Ovarense e a referida autarquia do distrito de Aveiro, o hospital temporário está em funcionamento desde 13 de março.
Este foi o primeiro do género a entrar em funcionamento no país no contexto do coronavírus SARS-CoV-2 que provoca a covid-19 e acolheu 23 infetados.
O presidente do concelho diretivo do Francisco Zagalo, Luís Miguel Ferreira, anunciou que “o hospital de campanha será desativado no próximo dia 05 de junho”.
“Esperamos não ser necessário reativar esta ou outra estrutura semelhante, mas essa avaliação será feita permanentemente [consoante as necessidades]”, disse.
Com 38 camas operacionais nesta fase e capacidade para aumentar essa lotação até 64, o hospital provisório instalado na arena desportiva de Ovar resulta de um investimento que ainda não está determinado.
“Os custos associados ao Hospital de Ovar estão a ser rigorosamente apurados, uma vez que se conseguiu antecipar em cerca de três semanas o fecho da estrutura em relação à data inicialmente prevista, o que exigirá o ajustamento dos contratos celebrados”, explicou Luís Miguel Ferreira.
Esse responsável notou, contudo, que as despesas serão partilhadas com a autarquia, uma vez que “o acordo de cedência do espaço foi acompanhado pela câmara”, sendo que, depois da montagem do recinto pelo Instituto Nacional de Emergência Médica e pela Administração Regional do Centro, através do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Baixo Vouga, “só mais tarde [o espaço] foi entregue à gestão clínica e operacional do Hospital Francisco Zagalo”.
A divisão das despesas deverá ter em conta, por isso, que ao Hospital cabem custos de funcionamento como os relativos a “farmácia, material clínico, rouparia, tratamento de resíduos, alimentação, assistentes técnicos, equipamentos vários e recursos humanos”, nomeadamente “médicos, técnicos de diagnóstico e parte da enfermagem”, já que seis enfermeiros e algum material técnico foram cedidos em específico pelo ACES do Baixo Vouga.
Já à Câmara Municipal, que recentemente chegou a indicar gastos globais na ordem de 1,3 milhões de euros em medidas locais de combate à pandemia, caberá suportar a despesa com “assistentes operacionais, água, luz, gás, oxigénio e algum equipamento médico” também.
No mesmo sentido, Luís Miguel Ferreira adiantou que “os equipamentos adquiridos pelo Francisco Zagalo transitarão para o próprio hospital”, enquanto os comprados pela autarquia “terão o destino que essa entidade entender como podendo ser útil”.
Quanto à atividade desenvolvida temporariamente no chamado “Anjo d’Ovar”, o administrador faz um balanço positivo de toda a operação, defendendo que “criar uma estrutura desse tipo num espaço com as caraterísticas de um pavilhão desportivo foi um exercício muito complexo, exigente e desafiante”.
Recordando que o município esteve em estado de calamidade pública devido à covid-19 e foi por isso sujeito a 31 dias de cerco sanitário com controlo de fronteiras, Luís Miguel Ferreira concluiu: “Felizmente, a taxa de ocupação ficou muito abaixo da capacidade instalada, ainda que, na altura em que se resolveu montar esta estrutura, fosse determinante acautelar uma resposta apta para o caso de os números cá serem semelhantes aos que se iam verificando noutros países, como Espanha ou Itália”.
Fonte e Foto: Lusa