Hoje é o dia em que o gado bovino do Gerês emigra para a Serra. A este movimento chama-se “Vezeira”.

Trata-se de uma tradição secular que é comemorada há 14 anos pela Associação Lírios do Gerês, com uma passagem das mais de cem cabeças de gado de duas freguesias (Vilar da Veiga e Rio Caldo) pelo centro da estância termal do Gerês.

Os animais passam os meses frios aquartelados nas aldeias, e nos meses mais quentes, normalmente a partir de maio, vão para a serra e para as pastagens.

Acompanha-os sempre um pastor, mas há aqui uma curiosidade: os pastores vão-se revezando, em espírito comunitário. Por cada duas cabeças de gado, um dia de pastor.

Há sítios específicos e o gado vai saltando de monte em monte, pastagem em pastagem.

Jorge Príncipe faz a vezeira há 20 anos, já os avós a faziam. “Há sempre um chamado obrigatório no último domingo de abril entre os vezeiros, e dali marcamos os covais, que é quando vamos aos fornos (casas dos pastores no meio da serra) e arranjamos as fontes de água”, explica.

Depois, os animais ficam no monte até finais de setembro, inícios de outubro, altura em que regressam a casa e ao curral.

Miguel Teixeira é o presidente da Associação Lírios do Gerês, que organiza há 14 anos a Vezeira, explica que este “é um sistema de pastoreio comunitário, uma tradição em que se ajudam mutuamente. Guardam o gado à vez. Está só uma pessoa a guardar o gado de toda a freguesia”.

É só fazer as contas: quem mais gado tem, mais dias vai passar na serra a guardar o gado. Este ano são cerca de 40 os pastores desta vezeira, outra apenas uma tradição, agora uma tradição que virou festa, e que por isso traz retorno positivo para a economia local. A Associação Lírios do Gerês conta que passem centenas de pessoas este domingo para ver a vezeira.

Ao longo do dia há também provas gastronómicas e cantares tradicionais, e em paralelo há ainda este fim de semana no concelho de Terras de Bouro o “Fim de Semana Gastronómico do Cabrito Biológico da Serra do Gerês”.

TSF

Foto: TSF / Miguel Midões