O incêndio rural que lavra em três concelhos do Algarve desde segunda-feira obrigou a retirar de casa preventivamente 81 pessoas e a evacuar um canil com quase 200 animais, foi hoje anunciado.
Na conferência de imprensa de balanço no centro multiúsos no Azinhal, Castro Marim, pouco depois das 11:00, o comandante das operações de socorro, Richard Marques, referiu que foram montadas duas zonas de apoio à população – em Tavira, que acolheu 26 pessoas, e outra em Castro Marim, com sete pessoas acolhidas, que deveriam regressar às suas habitações esta manhã.
O responsável revelou que foi necessário retirar “80 cães e 110 gatos” do Canil Intermunicipal de Castro Marim — Vila Real de Santo António, que foram colocados em Tavira e Loulé, com o apoio de voluntários.
Marco Ferreira, da Guarda Nacional Republicana, adiantou que desde o início do incêndio foi necessário “evacuar 12 localidades” e que “81 pessoas foram deslocadas para locais seguros”, destacando a “ausência de feridos na população”.
Quanto a edifícios destruídos, o representante indicou que o levantamento será feito assim que for possível, referindo ter conhecimento apenas de uma oficina danificada.
Presente na conferência, a presidente da Câmara de Tavira, Ana Paula Martins, afirmou ter testemunhado “algumas habitações pelo menos parcialmente afetadas” e destacou que a zona da mata da Santa Rita “foi muito afetada”, tendo o fogo destruído a zona de lazer.
O presidente da Câmara de Castro Marim, Francisco Amaral, relatou a “tristeza” de muitos habitantes que viram reduzidos a zero o seu rendimento, já que ficaram com as suas culturas e pomares “totalmente destruídos”.
O governante realçou que alguns populares tiveram de combater as chamas que ameaçavam as suas habitações “pelas suas próprias mãos”, devido à ausência de bombeiros.
Já o presidente de Câmara de Vila Real de Santo António, anunciou que o incêndio provocou “bastantes estragos” na freguesia de Vila Nova de Cacela e enalteceu a “ação cívica” das populações na retirada dos animais do canil, que foi feita com “prudência e sucesso”.
O alerta para o incêndio rural foi dado às 01:05 de segunda-feira e o fogo chegou a ser dado como dominado pelas 10:20, mas o “quadro meteorológico severo”, com altas temperaturas e vento, estiveram na origem de uma “reativação muito forte, em pleno período crítico do dia, junto à cabeça/flanco direito do incêndio original, e este ficou rapidamente fora da capacidade de extinção”, explicou anteriormente Richard Marques.
As chamas chegaram depois aos concelhos vizinhos de Vila Real de Santo António e Tavira.
Às 12:30 de hoje encontravam-se 630 operacionais mobilizados, apoiados por 209 meios terrestres e oito meios aéreos, indicava a página da Proteção Civil portuguesa.
Para as 19:00 de hoje está prevista uma conferência de imprensa das autoridades para um novo ponto de situação.
Segundo informação divulgada na conferência de imprensa, este fogo afetou já uma área de cerca de 9.000 hectares, depois de registar uma “taxa de expansão de 650 hectares por hora”.
De acordo com Richard Marques, até esta manhã o fogo “lavrou com muita intensidade, atingindo um perímetro de 43 quilómetros, numa área afetada de cerca de 9.000 hectares”.
“O potencial deste incêndio é de 20.000 hectares”, acrescentou.
O comandante referiu que, apesar das difíceis condições meteorológicas, foi possível durante a noite “executar o plano estratégico de ação” e que na manhã de hoje está a ser consolidado o grande objetivo de “sustentar a capacidade de travar” a progressão das chamas.
Um bombeiro ficou ferido sem gravidade durante o combate às chamas.