Fernando Pessoa vem a Coimbra através da sua “Ode Marítima”

Dia 22 de Janeiro, no Convento de São Francisco, um dos maiores nomes de Portugal estará presente num espetáculo imperdível…

o·de

nome feminino

1. [Antigo]  Poesia própria para canto.

2. Composição poéticalaudativa ou amorosadividida em estrofes simétricas.

(in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa)

É esta arte que João Garcia Miguel e o grupo de acordeonistas Danças Ocultas irão levar ao palco do Convento de São Francisco, um espetáculo que já esteve em Aveiro, Lisboa e Torres Vedras, tendo estreado em “pleno confinamento” conforme confidenciou o ator/encenador em entrevista exclusiva ao Jornal Mira Online.

Artista e ser humano de palávra fácil e, nitidamente, repleto de sensibilidades, João Garcia Miguel afirma que escolheu esta obra, “pelo prazer que ela transmite a quem interpreta e a quem assiste”, admitindo que ela, um século depois de ser elaborada por Álvaro de Campos, um dos Heterônimos de Fernando Pessoa“possui uma relação intemporal com cada um de nós”.

Para o artista, ela retrata “o espírito de aventura que existe em nós, a vontade de enfrentar o desconhecido da vida, as nossas esperanças, os nossos sonhos… em suma, é um poema simbólico que nos dá o que refletir!”.

Agora, mais ou menos confinados, os conimbricenses (e não só) terão a oportunidade de desfrutar de novecentos e trinta e quatro versos em cerca de 70 minutos de um espetáculo protagonzado por cinco elementos ávidos em levar ao público, a magia da arte, cuja receptividade já foi sentida nos outros lugares por onde passou. João Garcia Miguel pensa encontrar em Coimbra, ainda, um “algo mais” visto que é “uma cidade de muitas aventuras, universal, repleta de jovens universitários ou não… a obra fala imenso com este público!”.

Encontrando “muitas mais similaridades que diferenças entre aquela altura e hoje”, o ator/encenador reconhece que “ao longo de cerca de cem anos nada é igual, mas a necessidade de encontrarmos respostas para o nosso “eu” e o planeta em que vivemos, que já existia na altura, hoje é muito mais aguda. Achávamos que podíamos utilizar recursos inesgotáveis e hoje sabemos o quão longe estávamos da realidade! Este espetáculo chama-nos, também aí, a atenção para as mudanças”.

Lançando a necessária atenção para o trabalho dos quatro elementos dos Danças Ocultas “mais os outros três que estão “de fora” a contribuir para o espetáculo” João Garcia Miguel deixa pistas para que os presentes, também aqui, aproveitem o momento. “O acordeão é um elemento que tem muito a ver com a diáspora lusitana… é um som forte que varre emoções numa simbiose entre a música e a poesia que é exposta durante todo o tempo”.

Confessadamente “apaixonado pela nossa língua, pela poesia e pela escrita”, João Garcia Miguel admite ter tido “uma espécie de descoberta interior através de Pessoa” mas, não será só com este espetáculo que espera levar a arte a outros cantos em 2022. “Temos muitas peças em mente e pretendemos ultrapassar esta fase de pandemia a trabalhar com afinco, levando não somente no nosso país, mas também ao Brasil e à Finlândia, uma mensagem de alento e confiança no futuro, para todos. Por isso, convidamos quem queira assistir ao espetáculo em Coimbra, que vá, que encontre naquela hora e dez minutos, um motivo a mais para crer, pois a poesia é linda e a arte é uma das mais belas formas de não nos deixarmos ir abaixo… e bem precisamos, todos, disto!”

Jornal Mira Online