No passado dia 23 de Julho, um casal de emigrantes residente nos Estados Unidos, levou o seu filho de 3 anos de idade ao Centro de Saúde de Febres, e obteve a resposta de que a criança não podia ser assistida ali… por não ser portuguesa.
Daniel Simão, o pai, e Adriana Pacheco, a mãe, que estavam de férias na casa de um tio, na Chorosa, ficaram incrédulos com esta afirmação que foi reiterada pela administrativa sob o argumento de que “são ordens da coordenadora do Centro de Saúde”, afirmando que não iria chamá-la para que pudessem dialogar.
O casal, “sob protesto” tratou de rumar para as Urgências do Hospital de Cantanhede onde, sem problema de qualquer espécie, o pequeno Rafael Simão foi atendido com prontidão, a quem foi diagnosticado com uma “virose” e medicado “atempada e convenientemente”, disseram ao Jornal Mira Online, os pais, ainda sem acreditar no que se tinha passado.
No dia seguinte, 24 de Julho, o tio foi ao Centro de Saúde pela segunda vez (já havia ido até lá na tarde do dia anterior) e deixou a sua reclamação por escrito, no LIVRO DE RECLAMAÇÕES que lhe foi facultado, como era expectável e, mesmo, obrigatório.
O Jornal Mira Online requereu uma entrevista com a coordenadora do Centro, Dra. Andreia Torcato que, atenciosa e educadamente, acedeu para “dizer de sua justiça”.
Resumidamente, afirmou que a URS tem cerca de 6.700 utentes, que são “como é normal, preferenciais no atendimento”. Segundo aquela coordenadora do Centro de Saúde de Febres, o facto de ser emigrante “não impede que seja inscrito aqui, nesta unidade, como são outros utentes”. Deu, como exemplo, o caso de uma criança que fez exames nos Estados Unidos e, onde ela própria pediu exames complementares, para afirmar que, em caso de “urgência efetiva”, o pequeno Rafael teria sido atendido prontamente.
Ao ser questionada de “como pode uma administrativa saber se um caso é urgente ou não, para ser encaminhado à enfermaria?”, Andreia Torcato afirmou que “algo visível chamaria a atenção”…
Em todos os casos, a coordenadora nunca deixou de reconhecer que “houve, claramente, uma forma errada na conduta da senhora que os estava a atender, pois usou uma maneira infeliz de dizer o que pensava… faltando-lhe tato ao lidar com as pessoas”. Para além disso, não deixou de referir que a mãe pode ser considerada “negligente”, pois em caso de febre, “há-de dar um Paracentamol, pelo menos, para que a criança já vá minimamente medicada ao médico”.
Depois de todo este imbróglio, resta notificar mais dois importantes acontecimentos: em primeiro lugar, a mãe afirmou ao Jornal Mira Online que não medicou a criança antes de levar ao Centro de Saúde “pelo motivo de que era muito perto de onde estávamos e não quis, com uma medicação dada por minha conta e risco, “mascarar” o verdadeiro alcance da doença, que eu desconhecia qual seria”. E, em segundo lugar, é importante referir que na manhã de ontem, 29 de Julho, houve uma reunião entre o tio e a Dra. Andreia Torcato (já que os pais já haviam retornado aos Estados Unidos), onde trocaram ideias, e a coordenadora voltou a reiterar os seus pedidos de desculpas em nome do Centro de Saúde de Febres, lamentando, novamente, as “palavras mal colocadas”, que tanto indignaram os familiares do pequeno Rafael.