06.11.2023 –
Quase 5,5 milhões de consumidores do mercado livre pode vir a ter, em 2024, um aumento superior ao anunciado nas tarifas reguladas em 2024. A proposta da ERSE – Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos -, que fixou em 1,9% a atualização da tarifa, indicou, segundo avançou o jornal ‘Observador’, uma subida muito expressiva nas tarifas de acesso às redes, que são pagas por todos os consumidores: é nesta fatia da conta da luz que entram os custos das decisões de política energética, através da tarifa geral de uso do sistema.
A proposta da ERSE contemplou um aumento de 48 euros por megawatt (MW) hora na tarifa de acesso paga pelos clientes de baixa tensão, que neste momento é marginalmente negativa, o que corresponde a uma subida por KW hora de 6 cêntimos – ou seja, uma fatura média com uma potência contratada de 3,45 KVa e um consumo mensal de 150 kW por hora, a fatura vai ficar mais cara 7,5 euros, segundo indicou Pedro Silva, analista de mercados da DECO PROTeste.
No entanto, a descida do preço da componente energia pode ajudar a minorar o impacto, embora dependa das previsões para a evolução do preço grossista da eletricidade em 2024: o tarifário de 2024 ainda está a ser preparado e pode haver alterações na fixação final das tarifas, que ficam fechadas a 15 de dezembro.
João Nuno Serra, presidente da ACEMEL – Associação dos Comercializadores de Energia do Mercado Liberalizado -, indicou ao jornal online que não se pode antecipar a política comercial dos associados, salientando que não deverá haver qualquer sobressalto no preço da energia em janeiro, sendo que eventuais subidas virão do lado das tarifas de acesso à rede. As empresas, de acordo com o especialista, podem criar uma margem para acomodar estes aumentos de tarifas no preço final.
Os principais atingidos pela subida da taxa de acesso às redes são os clientes doméstico da tarifa dinâmica, que tiveram ganhos expressivos quando estas tarifas estavam negativas, e os de baixa tensão especial, uma categoria que abrange estabelecimentos e pequenos negócios, e que pode vir a aumentar 42,4 euros, em 2024. Nas empresas, o peso das tarifas na conta final é mais limitado.
Nos domésticos, as tarifas de acesso pesam mais de 40% da fatura final, referiu Pedro Silva.
Revista de Imprensa