Espanha já “interrompeu transferência” de água do rio Douro para Portugal

28.9.2022

A Confederação Hidrográfica do Douro paralisou a transferência de água para Portugal – desde a passada segunda-feira, por decisão do Ministério da da Transição Ecológica e do Desafio Demográfico, está interrompido o caudal para o nosso país que estava a decorrer para cumprir os termos da Convenção de Albufeira, revelou o jornal ‘El Periódico de España’.

Os autarcas espanhóis assinaram uma carta onde manifestam o seu “forte protesto, profunda rejeição e total desacordo com a política de gestão destrutiva que a Confederação Hidrográfica do Douro (CHD) vem realizando com os reservatórios da nossa província, especialmente com Ricobayo”.

O Governo de Espanha comprometeu-se a transferir para Portugal, antes de 30 de setembro, 400 hectómetros cúbicos de reservas da albufeira de Almendra. Um aporte que vai baixar o nível atual em até 20 metros, cuja capacidade é de 32%, com 869 hectómetros cúbicos. A medida também afetou a descarga em Ricobayo, que passaria de 38,95% da sua capacidade total para apenas 16% das suas reservas hídricas.

A concentração de 3 mil agricultores espanhóis em León, no passado dia 23, ameaçou o fecho das comportas da barragem de Almendra, entre Zamora e Salamanca se o Governo não parasse com a transferência de água para Portugal, embora o Governo central tenha garantido que não terão sido essas ameaças a justificar o travão no caudal para Portugal. A Convenção de Albufeira estabeleceu que das barragens de Almendra e de Ricobayo terão de chegar ao nosso país 650 hectómetros cúbicos de água, mais de metade da que está atualmente armazenada.

O ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, negou, no entanto, qualquer conflito com Espanha, sublinhando que o Governo vai “continuar a privilegiar o diálogo”. “Não há guerra nenhuma relativamente à água. Há sim, da parte de Portugal e de Espanha, trabalho conjunto e permanente e aquilo que é uma compreensão relativamente a um ano particularmente difícil do lado de cá e do lado de lá”, disse o governante.

“Nós temos estado em contacto com Espanha, relativamente àquilo que são as responsabilidades que ambos os países têm relativamente a compromissos internacionais que assumem e vamos, naturalmente, como sempre o fizemos, respeitar aquilo que são os compromissos internacionais. E, obviamente, acreditamos que Espanha tem do seu lado, também, o respeito pelos compromissos internacionais que assume”, avançou.

O ministro lembrou ainda a resolução do Conselho de Ministros que determina que, a partir de 1 de outubro, ocorra uma suspensão temporária nos recursos hídricos de 15 albufeiras, “até que sejam alcançadas as cotas mínimas da sua capacidade útil que venham a ser estabelecidas”. “Isso é feito como uma reserva para o período que nós vamos viver nos próximos meses, para garantir a segurança no abastecimento de energia”, explicou Duarte Cordeiro.

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