Erupção vulcânica em São Jorge? “Possibilidade é real” mas não está “iminente”

Desde o início da crise sismovulcânica em São Jorge, nos Açores, mais de 220 sismos foram sentidos pela população.

O Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) alertou esta segunda-feira que “existe a possibilidade real de se poder vir a registar uma erupção vulcânica” em São Jorge, mas “não há evidências de que esteja iminente”.

“Existe a possibilidade real de se poder vir a registar uma erupção vulcânica, mas não há evidências de que tal esteja iminente”, lê-se numa atualização feita às 10:00 locais (11:00 em Lisboa).

Num ponto de situação feito na sua página da Internet, o CIVISA diz ter concluído “que as estruturas tectónicas onde se desenvolveram as erupções históricas de 1580 e 1808, e a crise sismovulcânica de 1964, no Sistema Vulcânico Fissural de Manadas, foram reativadas”.

É, por isso, de “admitir a ocorrência de uma intrusão magmática em profundidade”, diz o CIVISA, com base na “integração da informação disponível”.

O CIVISA alerta para a possibilidade de ocorrência de sismos que podem atingir magnitudes mais elevadas do que as registadas até ao momento, assim como para o perigo de ocorrência de derrocadas potenciadas pela atividade sísmica”.

Ainda assim, e segundo o CIVISA, a campanha de medição de gases e temperatura no solo, que está a ser feita, desde o início desta crise, “na área epicentral não resultou, até à data, na identificação de qualquer anomalia”.

O CIVISA adianta ainda que “os levantamentos de campo” vão continuar “a decorrer nos próximos dias”.

No âmbito da monitorização geodésica, o CIVISA, em colaboração com outras entidades, está “a reforçar a rede de observação baseada em estações GNSS e a proceder ao tratamento de imagens de satélite”.

Os dados existentes até à data corroboram as observações sismológicas ao indiciarem a existência de alguma deformação na área epicentral”, lê-se também no mesmo comunicado.

Segundo o CIVISA, a crise sismovulcânica que se tem vindo a registar desde a tarde do dia 19 de março na parte central da ilha de São Jorge, num setor compreendido entre Velas e Fajã do Ouvidor, “continua acima dos valores de referência”.

A instituição refere que ao longo de domingo “a análise preliminar dos registos sísmicos permitiu contabilizar cerca de 389 eventos”, o que denota “uma tendência decrescente” relativamente a sábado.

“Entre as 00:00 e as 10:00 de hoje foram contabilizados aproximadamente 94 eventos”, assinala o CIVISA, revelando que “todos os sismos registados até ao momento são de baixa magnitude e evidenciam uma origem de natureza tectónica”.​

Desde o início da crise sismovulcânica em São Jorge o sismo mais energético ocorreu no dia 29 de março, às 21:56 e teve magnitude 3,8 na escala de Richter.

“Até ao momento foram identificados cerca de 226 sismos sentidos pela população”, indica o CIVISA.

Desde as 22:00 de domingo às 10:00 de hoje, “não foi sentido nenhum sismo”, segundo a mais recente atualização do CIVISA.

NÍVEL DE ALERTA VULCÂNICO MANTÉM-SE

A Escala de Mercalli Modificada mede os “graus de intensidade e respetiva descrição” e, quando há uma intensidade de IV, considerada “Moderada”, os “objetos suspensos baloiçam” e há uma “vibração semelhante à provocada pela passagem de veículos pesados ou à sensação de pancada duma bola pesada nas paredes”, descreve o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

De acordo com a escala de Richter, os sismos são classificados segundo a sua magnitude como micro (menos de 2,0), muito pequenos (2,0-2,9), pequenos (3,0-3,9), ligeiros (4,0-4,9), moderados (5,0-5,9), forte (6,0-6,9), grandes (7,0-7,9), importantes (8,0-8,9), excecionais (9,0-9,9) e extremos (quando superior a 10).

A ilha mantém o nível de alerta vulcânico V4 (ameaça de erupção) de um total de sete, em que V0 significa “estado de repouso” e V6 “erupção em curso”.

O CIVISA revela que emitiu igualmente um alerta para o Centro de Controlo Aéreo de Santa Maria (ACC Santa Maria), para o Volcanic Ash Advisory Centre (VAAC) de Toulouse e para o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

SIC Notícias/Lusa