20.5.2023 –
Esta é a principal conclusão de um estudo conduzido por investigadores da Cátedra Energias Renováveis da Universidade de Évora (UÉ). Os resultados obtidos permitem concluir que a potência instalada em sistemas solares fotovoltaicos flutuantes consegue exceder a meta nacional de 7 GW, definida no PNEC 2030 para a energia fotovoltaica no setor da energia elétrica.
A análise dos resultados sugere que a nível regional é o Alentejo que apresenta maior potencial nesta área, quer em termos da superfície da água existente quer ao nível do recurso solar.
Mesmo aplicando-se uma redução de 85% à superfície de água total disponível a nível nacional, e com os critérios de seleção a incluírem algumas questões técnicas e de natureza ambiental, em particular os ativos já existentes como as hidroelétricas, parques eólicos ou sistemas centralizados de armazenamento de energia, os resultados deste estudo da Universidade de Évora, conclui que o potencial dos sistemas de energia solar fotovoltaica flutuante conseguem atingir, pelo menos uma capacidade nacional estimada de 10,8 GW. Luís Fialho, investigador da CER da academia alentejana, sublinha a importância deste estudo pela “necessidade de descarbonizar o nosso sistema electroprodutor através de fontes renováveis, sendo chave para uma eletricidade mais barata e sustentável.”
O Alentejo, tal como referido, apresenta a maior área disponível para flutuação e implantação fotovoltaica com 32% do total nacional de área disponível, principalmente devido ao lago (barragem) de Alqueva, um dos maiores reservatórios artificiais de água da Europa.
Juntamente com a região do Algarve, as regiões mais a sul de Portugal apresentam valores muito semelhantes de potencial de recurso solar com a região do Alentejo a destacar-se ao combinar uma grande área disponível para a instalação destes sistemas.
A região Centro do país representa 27% e a 3ª maior área disponível está na região de Lisboa e Vale do Tejo com 15%.
O investigador regista que o nosso país tem um potencial de recurso solar bastante importante com uma irradiação solar global anual superior a 1800 kWh/m2, o que a par duma forte redução de custo dos sistemas fotovoltaicos na última década, leva a que a energia solar fotovoltaica apresente um crescimento de mercado e uma penetração cada vez maior no sistema electroprodutor nacional português.
“A aplicação da tecnologia fotovoltaica flutuante traz a vantagem de usar uma área potencialmente não utilizada, reduzindo a ocupação de solos para este fim, e pode apresentar um aumento de rendimento devido à sua instalação sobre a água, ao mesmo tempo que proporciona uma redução na evaporação” tal como é demonstrado neste estudo que fornece uma análise abrangente do potencial de instalação deste sistema em Portugal continental, usando corpos d’água, com informação fornecida pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e outras entidades, onde se incluem dados sobre localização e respetivas áreas de barragens, lagos, entre outras massas de água.
“Esta análise resulta de um mapeamento das áreas potenciais para o sistema solar fotovoltaica flutuante aplicados no território nacional, estabelecendo uma relação entre a disponibilidade de radiação solar e a distribuição geográfica dos corpos d’água nas diferentes regiões do país.” Em suma, realça Luís Fialho, este sistema pode contribuir decisivamente para a meta de capacidade instalada definida na Política Nacional de Energia e Clima Plano 2030 (PNEC 2030), que define a meta de 7 GW de sistemas solares fotovoltaicos em 2030.
A Cátedra Energias Renováveis assume hoje um papel de destaque na investigação desta tecnologia, estando neste momento a monitorizar a maior central experimental europeia de sistemas fotovoltaicos flutuantes – Central Fotovoltaica de Sierra Brava – propriedade da Acciona Energia, onde se incluem 5 tecnologias distintas com uma potência total de 1.125 MW.