A “Palavra do Ano” de 2019 é a palavra “violência [doméstica]”, foi hoje anunciado pela Porto Editora, numa sessão na Biblioteca Municipal José Saramago, em Loures. Em segundo lugar ficou a palavra “sustentabilidade”.
“Violência [doméstica]” é a palavra do ano escolhida pelos portugueses numa votação ‘online’, anunciou hoje a promotora da iniciativa.
“Violência [doméstica]” recolheu 27,7% dos mais de 20.000 votos registados, divulgou hoje a Porto Editora.
A escolha é justificada pela Porto Editora “em consequência dos inúmeros casos que foram sendo conhecidos ao longo do ano e que, infelizmente, resultaram em vítimas mortais – de acordo com notícias recentes, foram 35 mulheres, homens e crianças assassinadas em Portugal no contexto de violência doméstica só no ano passado”.
Em segundo lugar, a apenas uma décima de distância ficou a palavra “sustentabilidade”, que “liderou a votação desde o início até praticamente o final da votação, ficando assim notória a crescente preocupação que o tema da sustentabilidade desperta na sociedade portuguesa perante as sérias ameaças que pendem sobre a vida coletiva em consequência das alterações climáticas”, segundo comunicado da editora.
Outro tema “que não passou ao lado dos portugueses é o problema da difusão de informações falsas através das redes sociais”: ”desinformação” ficou em terceiro lugar com 13,8% dos votos.
A divulgação dos resultados da votação da “Palavra do Ano”, que esteve ‘online’ durante o passado mês de dezembro, foi feita esta manhã pela Porto Editora, na Biblioteca Municipal José Saramago, em Loures, nos arredores de Lisboa.
“Esta iniciativa vem sublinhar o poder das palavras ao refletir o quotidiano da nossa sociedade em cada ano: os factos, os hábitos, os acontecimentos, as preocupações coletivas”, refere a editora, promotora da iniciativa, numa nota.
Os dados mais recentes da Polícia Judiciária, divulgados pelo Governo, revelaram que até ao dia 22 de novembro foram mortas 33 pessoas em contexto de violência doméstica, nomeadamente 25 mulheres, uma criança e sete homens, tendo também havido um aumento de mais de 10% das ocorrências participadas à GNR e à PSP entre janeiro e setembro de 2019, além de uma subida de cerca de 23% nos atendimentos na rede nacional de apoio às vítimas de violência doméstica.
Já dados divulgados pelo Observatório de Mulheres Assassinadas (OMA) da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) referem, que entre 1 de janeiro e 12 de novembro de 2019, foram mortas 28 mulheres, mais oito do que no ano anterior.
A estas mortes juntam-se as de duas outras mulheres; uma assassinada em Cascais, pelo companheiro, e outra mulher com cerca de 35 anos, cujo homicídio ocorreu nos últimos dias do ano em Leiria.
Aos três primeiros lugares, sucederam-se por ordem decrescente os termos “jerricã” com 7,5%, “nepotismo” com 5,7%, “seca”, com 4,3%, “trotinete”, com 4,2%, “lítio”, com 4,2%, “influenciador”, com 4%, e, em último lugar, “multipartidarismo” (1%).
A iniciativa Palavra do Ano teve a sua primeira edição em 2009, quando foi escolhido o termo “esmiuçar”.
“Violência [doméstica]” sucede a “enfermeiro”, escolhida em 2018, numa votação que contou com mais de 226 mil participações.
O ano passado a eleita foi a palavra “enfermeiro”, com 37,8% dos 226 mil votos validados, seguida de “professor”.
Nos anos anteriores as vencedoras foram ”esmiuçar” (2009), “vuvuzela” (2010), “austeridade” (2011), “entroikado” (2012), “bombeiro” (2013), “corrupção” (2014), “refugiado” (2015), “geringonça” (2016) e “incêndios” (2017).
Lusa / Madremedia