14.06.2025 –
Nasceu de um sonho coletivo e, ao longo de 51 anos, tornou-se uma casa de muitos. O Domus Nostra celebra mais de meio século de história viva, entrelaçada com a de centenas – ou mesmo, milhares – de jovens, famílias e educadores que por ali passaram — e por ali ficaram, em afetos, memórias e gratidão.
Fundado em 1974, em pleno fervor de mudança social em Portugal, o Domus Nostra surgiu como resposta às ambições comunitárias de uma juventude que queria, e soube, trilhar seu caminho. Nestes 51 anos, o Domus Nostra tem sido muito mais do que um clube É uma escola de vida. Um lugar onde se ensina o valor da responsabilidade, do respeito, da amizade profunda.
Sob a liderança de equipas dedicadas, ao longo de várias direções e gerações, o Domus construiu uma identidade firme, mas sempre permeável ao tempo. Adaptou-se, inovou, resistiu a crises, abraçou novos projetos. Criou pontes com a comunidade, com o desporto, com a cultura, com o futuro.
Ao completar 51 anos, o Clube Domus Nostra não celebra apenas a sua longevidade. O Domus celebra o nascimento de um sonho que se tornou realidade. A festa será discreta, como tantas vezes é o trabalho desenvolvido naquela casa mas, o impacto é imenso — e sentido em Portomar, em Mira, pela região, pelo país e até, noutras parte do globo. O clube que tem um nome esquisito é mais do que um nome. É um lugar de pertença. Um farol.
Entrevista exclusiva com o Presidente
Paulo Grego contou, de coração aberto, como correu mais um ano de Clube Domus Nostra. Vale a pena ler!
Ano memorável na formação
“Foi o nosso melhor ano de sempre na formação”, afirma o presidente Paulo Grego, com um brilho no olhar que só as grandes paixões concedem. Os números sustentam o entusiasmo: 26 atletas chamados às seleções distritais, presença inédita de três infantis num estágio na Cidade do Futebol, e uma convocatória histórica para os sub-15 da Seleção Nacional — Tomás Martins, que pôs o nome do Domus Nostra entre os grandes formadores do país. “Só o Benfica teve mais atletas chamados para as seleções nacionais do que nós”, reforça, com legítimo orgulho.
A excelência não é mais exceção: é marca. “Já não formamos apenas em quantidade, mas também em qualidade”, sublinha Paulo Grego. E essa qualidade estende-se aos resultados. Entre cinco campeões distritais da temporada nas camadas jovens, o Domus conquistou dois títulos. “Os iniciados e os juniores mostraram do que somos capazes”, resume o presidente.
Seniores: entre o peso da época e a coragem da mudança
Se a formação brilhou, a equipa sénior viveu um ano mais difícil. Apesar de ter alcançado as meias-finais da Taça, a eliminação nos penáltis marcou um ponto de viragem. “A partir daí, arrisco-me a dizer que foi quase penoso terminar a época”, admite Grego, que não esconde a dor da decisão tomada: “Foi das mais difíceis que já tomei como presidente do Domus — comunicar ao Henrique que já não seria o treinador dos seniores.”
Henrique Oliveira, o “Pampas”, deixa o comando técnico mas continua como diretor desportivo. “É das melhores pessoas que conheci no futsal. Se não fosse o desporto, talvez nunca nos tivéssemos encontrado”, diz o presidente, num testemunho de admiração que transcende os cargos e os resultados.
A sucessão foi pensada com critério e identidade. O escolhido é da casa: Samuel Roma, campeão distrital de juniores, conhecedor dos jovens que agora sobem aos seniores. “Ele tem o perfil certo e conhece bem os atletas que irão compor o plantel”, garante Paulo Grego.
Muito além do futsal
O Domus Nostra é, cada vez mais, um clube de múltiplas faces. O BTT, o trail, a pesca desportiva, o hip-hop, e até a presença simbólica em Cabo Verde — onde atletas locais vestem o emblema com paixão — revelam a diversidade e a vitalidade de um projeto que vai muito para além das quatro linhas.
“Felizmente, o Domus não é só futsal”, diz o (cada vez mais) orgulhoso timoneiro de uma vastíssima quantidade de homens e mulheres que fazem crescer o clube a olhos vistos. E, por falar em mulheres, Paulo Grego não deixa de destacar o orgulho na equipa feminina sub-19, que compete a nível nacional, e no crescimento da participação feminina em geral. “A nossa secção de hip-hop, maioritariamente constituída por meninas, é prova disso.”
Obra maior: os novos balneários
A grande novidade deste ano — e talvez de toda uma geração — é a conclusão da obra dos novos balneários. Um investimento superior a meio milhão de euros, que será inaugurado nesta tarde de festa. “É a maior obra do clube feita de uma só vez”, afirma o presidente. E será também um momento de uma “pequena e singela” homenagem: Raul Almeida, figura central no apoio ao projeto, será lembrado num espaço especial dentro das novas instalações.
Dia de festa e gratidão
A celebração dos 51 anos inclui, pela manhã, o tradicional Torneio da Amizade, com as participações habituais da equipa mista de funcionários da CâmaraMunicipal /Junta de Freguesia, dos Bombeiros Voluntários de Mira e da GNR local, contando, este ano, com com o reforço de uma equipa convidada, a empresa Quitérios.
À tarde, o convívio e a cerimónia da inauguração irão juntar a família Domus e ilustres convidados.
Hoje, como ontem, o Domus Nostra é a casa onde se entra para competir, mas se fica por amor. E enquanto houver jovens a sonhar, dirigentes a acreditar e uma comunidade a apoiar, o Domus continuará a ser aquilo que o tempo não desgasta: um lugar onde se constrói futuro…
Jornal Mira Online