Os Países Baixos são o primeiro país europeu a confinar depois do verão perante a explosão de novos casos. Médica portuguesa a viver nos arredores de Amesterdão aponta as razões que levaram o Governo de Haia a tomar medidas.
Milhões de holandeses terão de enfrentar, nas próximas três semanas, restrições da liberdade. Esta sexta-feira, o Governo liderado por Mark Rutte anunciou um novo confinamento parcial: o comércio não-essencial, os bares, restaurantes e hotéis voltam a encerrar mais cedo e o teletrabalho volta a ser recomendado. Na base desta decisão, está o aumento dos novos casos, com uma média diária nunca antes atingida desde o início da pandemia.
Em declarações à TSF, Raquel Varanda, médica dentista que vive nos arredores de Amesterdão, revela que os holandeses esqueceram-se das regras de proteção individual. Assim que caiu a obrigatoriedade do uso de máscara, deixaram de a usar.
“Em Portugal, fui agora em outubro e apesar de não ser obrigatório, toda a gente anda de máscara, quase é uma obrigação social pôr máscara. Aqui, quando a política deixou de existir, toda a gente as deixou. O que eu sinto e o que ouço, é que as regras vêm sempre tarde demais e por isso são sempre duras demais”, explica a portuguesa emigrada há vários anos nos Países Baixos.
Raquel Varanda, que trabalha num hospital, dá uma pista sobre o que correu mal, apesar do elevado índice de vacinação no país, que se situa nos 82%. “Aqui uma grande parte da população, foi vacinada com a Johnson porque a maior parte das pessoas, as mais novas, só queriam uma dose. Foi exatamente antes do verão e para as pessoas conseguirem viajar, precisavam da vacinação completa. Muita gente, só levou a da Johnson. Só que essa vacina, já se provou, que é menos eficaz contra as variantes. Já se fala numa dose de reforço”, sublinha.
O Governo de Haia quer aumentar a proteção da população através da vacinação. No entanto, para já, perante o aumento de casos, os hospitais já começaram a ficar sobrelotados.
Guilherme de Sousa / TSF