O novo coronavírus veio para ficar entre os humanos, mas a doença por ele causada, poderá ficar como uma constipação, como as provocadas por outros coronavírus, admitem imunologistas, considerando que não serão necessários reforços da vacinação.
Segundo os imunologistas Marc Veldhoen e Henrique Veiga-Fernandes, questionados pela Lusa sobre a duração da imunidade conferida pelas vacinas contra a covid-19, que continua a ser uma incógnita porque é preciso mais tempo para aferir se houve entre a população vacinada qualquer diminuição da proteção ou aumento da incidência da doença, o coronavírus SARS-CoV-2 irá conviver naturalmente nas pessoas e infetar ocasionalmente sem provocar doença grave.
“Vai circular em equilíbrio na população humana e causar doença ligeira, uma constipação”, disse Henrique Veiga-Fernandes, que lidera o laboratório de imunofisiologia no Centro Champalimaud, em Lisboa.
Henrique Veiga-Fernandes entende que, com o tempo, a resposta imunitária (desencadeada por anticorpos e células linfócitos T) ao SARS-CoV-2 será “idêntica à de outros coronavírus” humanos, que causam simples constipações, pelo que “não serão necessários reforços” da vacinação.
De acordo com Marc Veldhoen, que coordena o laboratório de regulação do sistema imunitário no Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, também em Lisboa, à semelhança dos quatro coronavírus humanos que provocam a vulgar constipação, “é muito plausível” que o SARS-CoV-2 permaneça entre as pessoas e “infete de vez em quando”, quando a imunidade “diminui apenas o suficiente para permitir a reinfeção” embora se mantenha “forte o suficiente para prevenir doença severa”.
Para o imunologista holandês, “é provável que a imunidade para prevenir a reinfeção dure vários meses e a imunidade contra a doença dure vários anos”. Henrique Veiga-Fernandes estima em “superior a um ano” como “cenário mais provável”.