Duas das pessoas infetadas com covid-19 na sequência de uma festa ilegal em Lagos estão internadas, disse a delegada regional de Saúde do Algarve, que espera que sejam atribuídas responsabilidades aos organizadores do evento.
“Dos casos confirmados estão duas pessoas de 39 e 27 anos internados no CHUA [Centro Hospitalar e Universitário do Algarve], em Faro. Quando se internam doentes covid é porque o seu estado clínico é preocupante”, afirmou Ana Cristina Guerreiro.
Em conferência de imprensa, a delegada regional de Saúde disse esperar “que se consigam atribuir responsabilidades e suas consequências legais” aos organizadores do evento, que se realizou em 07 de junho no clube desportivo de Odiáxere.
“Fazer uma festa, fala-se em mais de 100 pessoas, com uma dimensão destas, num momento de pandemia, em que tem sido tão divulgada a necessidade de distanciamento social, de utilização de máscaras (…), eu espero que sim, que sejam atribuídas responsabilidades”, frisou.
Até agora, as autoridades de saúde já realizaram mais de 100 testes, identificando 16 casos de infeção por covid-19 relacionados com a festa, dos quais dois se referem a crianças de 12 e 7 anos, que não estavam no evento, mas foram infetadas por familiares.
Existem, ainda, cinco pessoas a aguardar resultados e pelo menos 10 pessoas a aguardar para fazer o teste, acrescentou aquela responsável, sublinhando que a maioria das pessoas envolvidas são “pessoas em idade ativa que trabalham em múltiplos locais”.
Admitindo que “é difícil obter provas e responsabilizações individuais”, Ana Cristina Guerreiro referiu, no entanto, que gostaria que o ato “tivesse alguma consequência”, pois quem fica a perder é o “Algarve e o país”.
O presidente da ARS/Algarve adiantou que algumas pessoas relacionadas com a festa já se estão a dirigir espontaneamente aos serviços de saúde para serem testadas, e aproveitou para apelar às pessoas para que não participem neste tipo de eventos.
“Não iremos responsabilizar as pessoas que estiveram na festa, mas quem organizou a festa eu penso que sim. Aí sim, devem existir consequências”, reforçou Paulo Morgado, lembrando que este tipo de eventos pode fazer surgir dezenas de casos.
Segundo aquele responsável, todos “devem estar vigilantes”, porque este tipo de atos “tem consequências” na vida e no emprego dos pessoas, sendo toda a comunidade “prejudicada por um conjunto de atos irresponsáveis que violam aquilo que é a lei do país”.
Ana Cristina Guerreiro disse ainda que, deste grupo, há pessoas “em isolamento profilático com reforço policial”, sendo que alguns dos infetados “são pessoas da mesma família”, existindo, igualmente, casos positivos entre colegas de trabalho.
Segundo o boletim de hoje da Direção-Geral da Saúde, o concelho de Lagos regista cinco casos de infeção, não estando ainda contabilizados a maioria dos casos entretanto confirmados e relacionados com o evento.
As autoridades vão, agora, prosseguir com as investigações para tentar identificar o número máximo possível de pessoas envolvidas na festa – ou dos seus círculos diretos – de forma a conseguir quebrar possíveis cadeias de transmissão.
Lusa