Antecipação e estratégia. Segundo o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, foi este o ponto principal do plano para lidar com a pandemia. Em cerca de dois meses, houve 70 mortes causadas pela pandemia da covid-19 entre mais de um milhar de infetados registado nesta unidade.
O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) registou, em cerca de dois meses, 70 mortes causadas pela pandemia da covid-19 entre mais de um milhar de infetados registados, disse à agência Lusa fonte hospitalar.
Entre 12 de março e 14 de maio, esta unidade hospitalar realizou 11.075 testes a doentes e profissionais de saúde, com a média de uma pessoa infetada em cada 10, adiantou o presidente do conselho de administração.
Segundo Fernando Regateiro, durante aquele período, o CHUC o registou 260 internamentos, dos quais 24 em unidades de cuidados intensivos e passou alta médica a 145 pessoas.
Dos doentes infetados, seis foram submetidos a intervenção cirúrgica no Hospital Geral.
O responsável salientou que a capacidade de resposta nunca esteve em causa, embora tenha existido “uma altura em que esteve muito próximo do esgotamento”.
Para fazer face à pandemia da covid-19, o CHUC garantiu 277 camas no internamento, 228 dos quais para doentes estáveis (22 no polo Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) e 204 no polo Hospital Geral (HG) e 49 para doentes críticos em cuidados intensivos (34 no HG e 15 nos HUC).
De acordo com Regateiro, até quinta-feira, dia 14, estavam ainda hospitalizados 49 doentes, 47 estáveis e dois em estado crítico.
No Hospital Pediátrico, o CHUC registou 13 casos positivos de covid-19, em crianças com idades compreendidas entre um mês de vida e 17 anos, sendo que oito eram do sexo feminino, das quais três necessitaram de internamento de curta direção.
Até 13 de maio, foram testados 1.633 profissionais de saúde, (alguns diversas vezes) e realizados 2.130 testes.
Dos 203 profissionais de saúde que deram positivo, não existiu nenhum caso grave e a maioria não apresentou sintomas ou então “tiveram pequenos sintomas”.
Por exemplo, os 67 ao serviço das doenças infecciosas deram todos negativo, bem como os profissionais que foram colocados no Hospital Geral (Covões) para reforço de equipas e que estão a regressar.
Na área pediátrica foram realizados 729 testes, com 13 resultados positivos, entre 02 de março e 03 de maio.
Entre 26 de março e 14 de maio, o serviço de Diálise efetuou cerca de 300 sessões.
De acordo com o presidente do CHUC, os equipamentos de proteção individual dos profissionais de saúde nunca “estiveram em rutura absoluta”, embora tivessem existido “um fim de semana muito crítico, em que existia o número de máscaras limitado e, nessa altura, fez-se um apelo solene à reserva estratégica nacional e ela respondeu”.
“Não tivemos condições deficientíssimas de proteção, como os ingleses ainda se queixam dois meses depois, mas tivemos momentos críticos, em que seria necessário dar mais equipamentos, mas o mercado não fornecia e tínhamos de gerir os nossos stocks, dos quais vivemos nas primeiras semanas”, sublinhou.
Planeamento atempado e estratégia evitaram problemas de maior
O planeamento atempado e a estratégia de ação foram decisivos para que o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) gerisse a assistência médica no período de pandemia da covid-19 sem problemas de maior.
Esta é a convicção do presidente do conselho de administração, Fernando Regateiro, que, em declarações à agência Lusa, salientou a resposta dada por esta estrutura hospitalar na adaptação de espaços, nos circuitos dos doentes e na criação de respostas laboratoriais.
“Víamos outros países a entrar em situações difíceis e um Hospital como os CHUC não espera pela última moda, nem pelas últimas decisões ou que outros façam para fazer a seguir”, sublinhou o responsável, que ativou o Plano de Contingência a 17 de março, embora muitas das medidas tivessem sido tomadas anteriormente.
Ainda antes das orientações da tutela, os hospitais de Coimbra começaram por suspender as aulas, as visitas a doentes internados, reduzir a circulação interna, alterar os circuitos internos e alocar espaços para os doentes de covid-19.
“Nos finais de janeiro, começámos a pensar de facto em como avançar e, durante o mês de fevereiro, decidimos e instalámos no Hospital Pediátrico um laboratório especificamente dedicado a testes da covid-19, que estava pronto no início de março”, recorda Fernando Regateiro.
O presidente do conselho de administração acrescenta que, “em 27 de fevereiro já se estava a suspender temporariamente as aulas em enfermarias e a 05 de março estava-se a suspender todas as aulas teóricas e práticas de ensino clínico e estágio de todos os alunos”, salientando que “tudo isto foi feito antes da Organização Mundial de Saúde (OMS) declarar a pandemia”.
“Uma das decisões que foi tomada muito precocemente foi a diferenciação de todo o Hospital Geral (Covões), com a adaptação do bloco central para tratamento da covid-19, o que significou a mudança de todos os doentes que lá estavam em enfermarias para outros destinos, nomeadamente para os Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC)”, explicou.
O funcionamento do serviço de urgência do Hospital dos Covões (Hospital Geral) foi também alargado para atendimento 24 horas, numa estratégia que, segundo Fernando Regateiro,”veio a dar bons frutos” no combate à pandemia.
Naquela unidade, situada na margem esquerda do rio Mondego, o CHUC construiu uma resposta de 34 camas em cuidados intensivos, quando só existiam 10, mas “felizmente não foi preciso utilizar a expansão, pois nunca se ultrapassou os 10 doentes ao mesmo tempo”.
“Ficámos com uma margem de conforto e de resposta para doentes que precisassem dessa resposta, pois as camas e os ventiladores estavam lá prontos a funcionar”, frisou.
Além daquelas 34 camas de cuidados intensivos, os HUC tinham de reserva mais 15.
A resposta à covid-19 não se esgotou no Hospital dos Covões e também contava com o serviço de doenças infecciosas dos HUC, que tem 22 camas, cinco delas com pressão negativa em quartos individuais.
A administração procedeu ainda a uma alteração “importante” na urgência dos HUC, com a mudança da urgência cirúrgica e a localização nessa área da resposta a doentes com patologias pulmonares ou queixas respiratórias, “que são mais propícias a trazerem com elas uma infeção com SARS-CoV2”.
“As outras áreas ficaram para doentes não respiratórios, o que significa que, para adultos, acabámos por ter três tipologias de urgência: uma dedicada a doentes ou suspeitos da covid-19 no Hospital dos Covões, uma para doentes com queixas respiratórias e outra para os restantes doentes nos HUC”, realçou Fernando Regateiro.
O Hospital Pediátrico foi também preparado com a criação uma sala na urgência com pressão negativa, a adaptação de uma sala operatória com pressão negativa e alocados espaços e quartos de isolamento para covid-19 e os circuitos internos desenhados.
Durante o pico da pandemia, a urgência dos HUC viu o número de pessoas reduzir drasticamente, para menos de metade em relação ao ano passado, mas a semana de 04 a 11 de maio confirmou já uma subida do número de doentes, enquanto a urgência do Hospital dos Covões regista uma tendência inversa, com uma redução acentuada de procura.
O CHUC não suspendeu totalmente as consultas e as intervenções cirúrgicas programadas durante os primeiros dois meses da pandemia de covid-19, tendo incrementado as consultas não presenciais.
“Entre 16 de março e antes do final de abril, no espaço de cinco semanas, teremos visto 50 mil doentes em consultas, o que não é despiciendo”, sublinhou Fernando Regateiro, acrescentando que foram ainda realizadas 1.200 cirurgias.
Em cerca de dois meses, de 12 de março a 14 de maio, o CHUC registou 70 mortes causadas pela pandemia da covid-19 entre mais de um milhar de infetados registados.
Durante aquele período, o CHUC o registou 260 internamentos, dos quais 24 em unidades de cuidados intensivos e deu alta médica a 145 pessoas.
Consultas não presenciais
O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra não suspendeu totalmente as consultas e as intervenções cirúrgicas programadas durante os primeiros dois meses da pandemia de covid-19, tendo incrementado as consultas não presenciais.
O presidente do conselho de administração, Fernando Regateiro, salientou à agência Lusa que o CHUC “manteve a resposta nas primeiras consultas, nas Consultas a Tempo e Horas (CTH) e de seguimento, mas não com o volume habitual”.
“Entre 16 de março e antes do final de abril, no espaço de cinco semanas, teremos visto 50 mil doentes em consultas, o que não é despiciendo”, sublinhou.
Fernando Regateiro destaca que, dessas consultas, “duas em cada três foram realizadas sem a presença do doente”, tendo o CHUC se socorrido da experiência em telemedicina e do telefone, o que permitiu “acompanhar o doente, confirmar e renovar prescrições”.
Segundo o responsável, este é o momento para apostar nesta experiência e aplicá-la de uma forma “mais robusta e mais expandida para reduzir a circulação e o tempo de permanência dos doentes nos edifícios e o contacto entre pessoas”.
“Quanto mais fizermos esta abordagem, sem colocar em risco e sem comprometer a qualidade assistencial, melhor nos prevenimos contra a transmissão do vírus”, frisa Fernando Regateiro.
Ao nível das cirurgias, o CHUC realizou, só no espaço de cinco semanas, entre março e abril, 1.200 intervenções.
“Não nos limitámos a fazer cirurgias apenas de urgência”, enfatiza o presidente da unidade hospitalar, salientando que 57% corresponderam a “cirurgias programadas, de acordo com as prioridades definidas”.
O CHUC intensificou ainda o PEMProx (Programa de Entrega de Medicamentos em Proximidade), “uma experiência já muito sedimentada, que abrange 4.000 doentes que recebem os medicamentos em farmácias da sua proximidade”.
O programa, que envolve quase 800 farmácias comunitárias, evita que os doentes de vários pontos do país, incluindo regiões autónomas, se desloquem ao polo principal do centro hospitalar para receberem medicamentos para doenças crónicas.
Neste período de pandemia, o CHUC criou ainda a Linha Verde de Apoio para doentes, a Linha de Apoio Psico-Emocional (população e profissionais de saúde) e a Linha de Apoio Emocional Pediátrica.
Lusa / Madremedia