A Universidade de Coimbra faz parte de um consórcio que acaba de efetuar um investimento de mais de 2,1 milhões de euros ao abrigo do programa Compete 2020, no âmbito da Iniciativa Clube de Fornecedores da PSA, para construir o armazém automático do futuro.
Liderado pela empresa RARI (Construções Metálicas, Engenharia, Projetos e Soluções Industriais, S.A), o consórcio integra também a Universidade do Porto (UP) e as empresas Globaltronic, 4iTec Lusitânia SA, NOS Comunicações e NOS Technology.
Na era da customização em massa, «os centros produtivos do Original Equipment Manufacturer (OEM) registam um fluxo massivo de componentes no processo de aprovisionamento e alimentação das linhas de montagem. Neste âmbito, surge o paradigma Smart Warehouse, o qual, embora de configuração e implementação complexas, assenta em tecnologias emergentes para proporcionar a total automação, integração e digitalização dos fluxos logísticos e intralogísticos», contextualiza o consórcio.
Deste modo, este projeto propõe-se desenvolver inovadores sistemas inteligentes, altamente flexíveis, conectados e eficientes, com o objetivo de estabelecer um novo paradigma de armazém do futuro assente na sensorização de pessoas, equipamentos e inventários, bem como na automatização e gestão em tempo real de processos de estabilização, picking e movimentação de materiais/componentes.
Procurando concretizar casos de uso específicos, que visam demonstrar as tecnologias numa ótica de “living lab”, em contexto industrial (por exemplo, no chão de fábrica da PSA Mangualde), o projeto compreende três soluções distintas – um novo sistema pick-to-light wireless seamless, novas soluções robóticas para picking automático e sistemas de monitorização e otimização da estabilização de materiais e de respetiva movimentação automática.
O novo sistema pick-to-light wireless seamless caracteriza-se por uma elevada autonomia, flexibilidade e capacidade sensorial, indutor de um processo de picking totalmente rastreável, alinhado com os paradigmas da Indústria 4.0 e de produção assentes em elevados índices de flexibilidade.
Já as novas soluções robóticas para picking automático que o consórcio pretende desenvolver, incluindo a manipulação e movimentação automática de peças e kits, apostam na fusão de técnicas de visão artificial e de robótica colaborativa com tecnologia de comunicação 5G-ready.
A terceira solução proposta pelo consórcio consiste no desenvolvimento de sistemas de monitorização e otimização da estabilização de materiais e de respetiva movimentação automática, integrando a investigação de um processo acelerador da estabilização de green materials, e no desenvolvimento de uma componente de sensorização avançada para a monitorização rigorosa do estado de estabilização do material, bem como uma solução integrada para a movimentação automática de carga considerável.
O coordenador do projeto na UC, Norberto Pires, salienta a importância estratégica deste consórcio, afirmando que «este projeto é muito importante para a Universidade de Coimbra, pois vem sustentar os nossos esforços de desenvolvimento na Indústria 4.0, reforçar parcerias nacionais com entidades de I&D e empresas e, acima de tudo, posicionar-se como parceiro tecnológico de relevância junto de entidades muito importantes para a economia nacional, como é o caso da PSA, RARI, 4iTec, Globaltronic, NOS e Universidade do Porto».
«Os processos de inovação, por serem forma de criar impacto a partir da geração de conhecimento avançado na Universidade de Coimbra, têm um forte potencial de transformação da Universidade, o que encaramos com grande determinação e interesse. Neste caso, motiva-nos muito a possibilidade de construir as bases do armazém inteligente do futuro em parceria com um consórcio muito relevante para essa tarefa», acrescenta.
Na Universidade de Coimbra, o projeto envolve uma equipa de 10 investigadores de vários centros de investigação: grupos de Robótica Industrial e de Gestão Industrial do Departamento de Engenharia Mecânica, Laboratório de Fabrico Aditivo da Universidade de Coimbra (uma instalação do Institute for Sustainability and Innovation in Structural Engineering (ISISE) e Centre for Mechanical Engineering, Materials and Processes – CEMMPRE) e grupo de Processos e Engenharia de Sistemas do Departamento de Engenharia Química. No total, o consórcio envolve mais de 50 investigadores.